O Santuário de Fátima é por estes dias o tão esperado ponto de chegada para milhares de pessoas que têm estado a percorrer as estradas de Portugal. Muitos grupos de peregrinos já chegaram à Cova da Iria na última quarta-feira, 11 de maio, e muitos outros continuam a chegar nesta quinta-feira, dia 12. Entre eles, está um grupo de Felgueiras. É Nuno Nunes, de 43 anos, quem conta à FÁTIMA MISSIONÁRIA a experiência dos últimos dias.

“Somos amigos e somos também um grupo de sete caminhantes, com uma pessoa que nos apoia. Iniciámos o percurso na última quarta-feira. Foram nove dias a caminhar. Fizemos 240 quilómetros”, refere. Para fazer face ao calor que se tem sentido nos últimos dias, o grupo optou por “etapas mais curtas”. “Começávamos a caminhar às 05h00 e à tarde procurávamos descansar”, adianta.

Esta é a “quinta vez” que este grupo de peregrinos caminha até Fátima, mas não é pela familiaridade com a experiência que as dificuldades deixam de aparecer. “Andámos por trilhos e estradas. Às vezes dava vontade de desistir. Precisávamos de momentos sozinhos. Motivamo-nos uns aos outros dizendo que já faltava pouco. Numa ocasião, bastou um abraço, para um elemento do grupo fazer o outro levantar e continuar o caminho.”

Idoso de 75 anos faz trajeto sozinho

O percurso do grupo de Felgueiras foi também parte do itinerário de muitos outros grupos de peregrinos. “Não quero dizer que foi a ‘dobrar’ para não exagerar, mas encontrámos bastantes grupos de peregrinos. Considero que foram mais grupos que anteriormente”, indica Nuno, dando conta dos contactos que tiveram ao longo do percurso.

“Nós estávamos a fazer 240 quilómetros, e encontrámos grupos com um percurso de 400 quilómetros. Encontrámos peregrinos de Mogadouro, Viana do Castelo, Mangualde e Chaves, entre outros. Em Coimbra encontrámos um senhor de 75 anos, de Vila Pouca da Aguiar. Estava a caminhar sozinho, a fazer 70 quilómetros por dia, sem o apoio de qualquer pessoa. Levava a sua mochila. Não caminhava com roupa adequada à prática, mas sim com o seu vestuário normal, do dia a dia.” O contacto com este homem foi um momento que enterneceu de forma muito forte o grupo de Felgueiras.

Peregrinos motivam-se uns aos outros

A interação com outros peregrinos torna-se “motivadora”, realça Nuno. A chegada a Fátima “arrepia”, e o caminho contribui para “unir o grupo”, que ficará a acompanhar as celebrações na Cova da Iria até sexta-feira. “Peregrinar e estar em Fátima dá alento para o ano inteiro. Esta experiência é uma luz para o ano todo”, destaca.

Os grupos de peregrinos chegam a Fátima a partir de diferentes pontos do país. Aqueles que já estão no recinto, ou instalados nos parques de estacionamento do santuário, batem palmas aos que chegam e dizem palavras de ânimo – “Parabéns! Falta pouco! Já chegaram” – ouve-se. Nem só a pé afluem os fiéis a Fátima. Os parques de estacionamento estão repletos de autocaravanistas, e peregrinos que se deslocaram nos seus carros ligeiros, e que agora erguem as suas tendas, para acompanhar de perto as celebrações de Fátima. A peregrinação internacional aniversária de maio decorre com o tema “Levanta-te! És testemunha do que viste!”

Texto: Juliana Batista