As altas temperaturas e os incêndios registados nos últimos três meses na região do Ártico tiveram um grave impacto nas plataformas de gelo e nos glaciares. A plataforma de gelo de Milne, no Canadá, uma das últimas no mundo que continuava intacta, desprendeu-se e perdeu quase metade da sua superfície, revelou esta semana a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

“Estas perdas de massa extremas não se podem repor no clima atual e poderão tornar-se mais frequentes no futuro se as emissões de gases de efeito estufa não diminuírem”, alertou a agência, acrescentando que o glaciar Turtmann (Suíça) se partiu em dois e o glaciar Planpincieux (Itália) está à beira do colapso com quase 500 mil metros cúbicos perdidos.

Este verão as temperaturas chegaram a atingir os 38 graus centígrados na Sibéria e foram acompanhadas de incêndios florestais sem precedentes, o que levou à destruição de grande quantidade de massa de gelo. Com a destruição destas plataformas, o nível do mar aumenta e as inundações resultantes da eclosão dos lagos glaciares estão a tornar-se num fator de risco cada vez maior em muitas partes do mundo, ameaçando pessoas e infraestruturas.

O impacto das alterações climáticas na criosfera, as partes da superfície terrestre cobertas de gelo, será dado a conhecer com maior detalhe no próximo dia 9 de setembro, durante uma conferência virtual com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.