Embora reconhecendo “quanto a Terra está a sofrer”, os dirigentes religiosos de França lembram, numa declaração comum à intenção dos líderes políticos reunidos na Cimeira do Clima, que “a história não está escrita de antemão” e que “ainda há tempo para preservar um futuro habitável para todos” se em Belém se tomarem “decisões concretas para abandonar os combustíveis fósseis e o desmatamento” e para “aumentar o financiamento climático e concretizar medidas de justiça e solidariedade que apoiem todas as populações, para mitigar as alterações climáticas”.
A Cimeira do Clima (COP30) decorre em Belém do Pará (Brasil) de 10 a 21 de novembro e é antecedida por reuniões de alto nível que podem desde já tomar decisões quanto aos principais temas em foco na cimeira. É antecipando-se a esses encontros que os líderes religiosos de França divulgaram, no dia 4 de novembro, uma declaração intitulada “Um Caminho de Esperança para a Nossa Casa Comum”.
Assinada pela Conferência dos Bispos de França, pela Federação Protestante de França, a Assembleia dos Bispos Ortodoxos de França, pelo Consistório Central (representando a comunidade judaica), pela Grande Mesquita de Paris e pela União Budista de França, a declaração exorta os líderes mundiais reunidos em Belém a, através da “ação coletiva e de políticas públicas corajosas e ambiciosas”, ”unirem forças e talentos para que a Terra continue a ser um lar acolhedor para toda a humanidade, para todos os seres vivos e para todas as gerações futuras”.
Uma década depois da Cimeira de Paris (2015), a COP30 tem como grandes temas: o financiamento da mitigação, da adaptação e da transição climática, para o qual deveria ser definido o modelo e as regras de distribuição dos prometidos 100 mil milhões de euros anuais; desenhar como serão ressarcidos os países do Sul Global dos danos que as alterações climáticas causadas pelo Norte poluente neles provocam e para os apoiar no caminho para a transição climática; conseguir a convergência de todos os países, incluindo os grandes produtores e exportadores de petróleo, num calendário para o abandono definitivo da exploração e do uso dos combustíveis fósseis; acordo sobre as ações e iniciativas para a preservação e a restauração das florestas tropicais, com ênfase especial na Amazónia, um dos maiores sumidouros naturais de carbono do planeta.
É “neste momento em que a humanidade se encontra numa encruzilhada” que os líderes religiosos na França se juntam para “falar a uma só voz”, porque não podem “fechar os olhos” perante o facto de “em todos os lugares, vidas humanas serem destruídas e a beleza da vida estar ameaçada”. Juntos apelam a decisões urgentes pois a história “pode avançar rumo à vida e à justiça se existir a coragem de empreender uma transformação profunda e necessária nas nossas formas de pensar, produzir e consumir”.
Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.








