Nos últimos quatro anos, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) “apoiou 43.110 mil vítimas de violência doméstica”, indica esta semana a própria instituição, a propósito do lançamento dos dados mais recentes relativos às vítimas de violência doméstica apoiadas entre 2021 e 2024. Só no ano passado, “foram apoiadas 11.993 vítimas, um número que representa um crescimento de 29,3 por cento face a 2021 (9.275 vítimas)”. Em média, a APAV “apoiou 898 vítimas por mês, 207 por semana e 30 vítimas por dia”.
De acordo com esta Instituição Particular de Solidariedade Social, “a maioria das vítimas apoiadas era do sexo feminino (34.730), mas regista-se um aumento expressivo de vítimas do sexo masculino, que passaram de 4.665 em 2021 para 7.715 em 2024 – um crescimento de 65,4 por cento”.
Segundo a APAV, em termos etários, “44,5 por cento das vítimas tinha entre 26 e 55 anos, mas os dados revelam também a vulnerabilidade de outros grupos: 7.337 crianças e jovens (17 por cento) e 4.178 pessoas idosas (10,9 por cento) foram vítimas de violência doméstica e apoiadas na APAV durante este período”. A generalidade das vítimas apoiadas por esta instituição entre 2021 e 2024 era de nacionalidade portuguesa.
Entre as 43.110 vítimas apoiadas nos últimos quatro anos, “mais de 23 mil” estavam a viver “situações de vitimação continuada, ou seja, episódios repetidos de violência ao longo do tempo”. A APAV indica que, na maior parte dos casos, o pedido de ajuda “surgiu tardiamente”, uma vez que “6.686 (29 por cento) demoraram entre dois a seis anos a procurar apoio e 394 pessoas (1,7 por cento) viveram mais de 40 anos em situação de violência” antes de contactarem esta instituição pela primeira vez.
Em relação às pessoas agressoras, 30.511 são do sexo masculino, sendo que “a maioria mantinha relações íntimas ou familiares próximas com a vítima”. Apesar da seriedade das agressões, “pouco mais de metade das vítimas (22.497) apresentou queixa junto de entidades judiciais e/ou judiciárias”, sendo que “um número preocupante de vítimas – 14.730 – “optou por não apresentar queixa”.
Para a APAV, a não apresentação de queixa demonstra as “barreiras que ainda persistem no acesso à justiça e na proteção efetiva das vítimas”. A instituição afirma que os dados demonstram que a violência doméstica “continua a ser uma das formas mais prevalentes de crime em Portugal”, e indica que é urgente “reforçar os mecanismos de prevenção, apoio e justiça”.