Padres Luca Bovio e Leszek Krzyża já fizeram diversas viagens para apoiar as vítimas da guerra na Ucrânia | Foto: DR

Milhões de ucranianos foram forçados a fugir das suas casas. A maioria são mulheres e crianças, e vivem na esperança de regressar e voltar a estar em família. “Ninguém esperava um ataque em tão grande escala. Em poucos dias começaram a chegar à Polónia milhares de pessoas. Dia após dia os números cresciam. O meu telefone continuava a tocar, sem parar, com muitos pedidos de ajuda”, disse o padre Luca. “Fiquei impressionado com a empatia de tantas famílias simples que trabalharam muito para acolher os ucranianos, dando todos os apoios possíveis”, afirmou o missionário da Consolata que está na Polónia há 15 anos. Desde o início da guerra, a Polónia acolheu o maior número de ucranianos. Muitos já regressaram à Ucrânia, mas ainda vivem sob terror e ameaça.

Solidariedade com a Ucrânia
A crise humanitária gerada pela guerra na Ucrânia não deixa ninguém indiferente. Manifestações de apoio ao povo ucraniano ainda se estendem a toda Polónia e a várias cidades europeias. Os missionários e amigos da Consolata em Portugal também colaboraram através da campanha de solidariedade “Vamos consolar o povo ucraniano”, em sintonia com a comunidade dos missionários na Polónia que continua a ajudar muitos refugiados oriundos do país vizinho. Os missionários na Polónia têm trabalhado em colaboração com a paróquia de Santa Margarida, em Łomianki, perto de Varsóvia, e com a Cáritas. Contam também com a generosidade de amigos, voluntários e várias instituições.

Viagens à Ucrânia
O padre Luca Bovio já fez sete viagens à Ucrânia, e está a preparar-se para partir outra vez para o país. Na primeira deslocação, esteve na fronteira, e depois entrou na Ucrânia a pé, para dar apoio aos migrantes que esperavam para atravessar para a Polónia. O sacerdote italiano, que também é o secretário das Obras Missionárias Pontifícias (OMP), e Leszek Krzyża, sacerdote e diretor das OMP, já fizeram viagens de risco juntos para ver a realidade e dar resposta às muitas solicitações da Ucrânia. “Na segunda viagem, chegámos a Kiev e fomos visitar locais como Bucha. Foi uma experiência muito forte que me fez ver em primeira mão a crueldade deste conflito”, referiu o missionário. Em novembro regressaram a Kiev, e depois foram para Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, a apenas 30 quilómetros da fronteira com a Rússia, onde viram a situação de insegurança em que a população vive constantemente.
As viagens à Ucrânia têm sempre como objetivo conhecer e estar em contacto contínuo com as pessoas que apoiam, para responder às suas necessidades, em colaboração com a igreja ucraniana. Esta rede de contactos no local garante que toda a ajuda chega aos necessitados.

Na última viagem, foram mais para sul, para ajudar as pessoas em locais como Odessa, Mykolaiv e Kherson, onde muitos vivem numa situação humanitária difícil. “A igreja na Ucrânia está a trabalhar arduamente. É um testemunho muito bom e corajoso. Uma igreja presente na realidade e que se dedica ao serviço do povo que sofre. Muitos religiosos na Ucrânia são de origem polaca, mas decidiram ficar a arriscar as suas vidas”, destaca o missionário. “Durante as viagens falo com muitas pessoas. Eles não entendem o motivo do conflito. Estão cansados. Muitos esperam que a guerra acabe em breve e que termine com uma integração das famílias russas e ucranianas”, disse o padre Luca.

Missão na Polónia
A missão da Consolata na Polónia iniciou em 2008, em Kielpin, na periferia de Varsóvia, com o principal objetivo de fomentar a animação missionária. No ano passado, foi aberta a segunda comunidade em Białystok, numa cidade de 300 mil habitantes, a 50 quilómetros da Bielorrússia. Esta presença na Polónia é marcada por um forte caráter intercultural. São seis missionários da Consolata de seis países – Itália, Argentina, Tanzânia, Moçambique, Quénia e Uganda. Dada a realidade sociocultural da Polónia, onde a presença dos estrangeiros de outros continentes é limitada, este fator representa um testemunho missionário muito forte.

Texto: Bernard Obiero