Bárbara Barreiros - Investigadora da Universidade do Minho

Em agosto deste ano vai realizar-se a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), juntando em Lisboa jovens católicos e não católicos de diversas nacionalidades. Se desde há muito tempo se mostra oportuno refletir sobre a participação dos jovens na formação de um mundo melhor, a JMJ faz-nos retomar as preocupações em torno deste assunto.

Tantas são as problemáticas que se têm intensificado e que precisam de planificação com vista a possíveis resoluções ou, pelo menos, para a atenuação dos efeitos nefastos. É o caso da paz ameaçada pelas guerras, do ambiente e da procura de novas formas de energia, das dificuldades económicas e do crescimento da população em estado de pobreza, das questões de saúde pública, de organização do Estado, assim como questões éticas e de desenvolvimento da tecnologia.

Também são várias as questões do foro individual de cada jovem que precisam de ser resolvidas, como por exemplo a necessidade de orientação pessoal e profissional, o ingresso no mercado de trabalho e o comportamento perante as adversidades. Todas estas dificuldades têm promovido a falta de saúde mental que se tem agravado entre os jovens. Muitos são os que têm medo da vida. São cada vez mais os que são dependentes dos seus progenitores durante mais tempo, e começam a vida ativa cada vez mais tarde. Apesar dos jovens serem reivindicativos dos seus direitos e participarem na sociedade através de formas não convencionais, como petições, por exemplo, de acordo com o resultado de estudos, os jovens portugueses com idades entre os 14 e os 25 anos participam politicamente cada vez menos do que os seus congéneres europeus. Ou seja, a maioria dos jovens portugueses não vota e assim, praticamente, não contribui para as escolhas dos nossos governantes. Se é certo que a participação não convencional promove a defesa de alguns ideais, a participação através do exercício do direito ao voto é essencial em democracia representativa para escolher aqueles que os representam.

Como defendeu o Papa Francisco, são necessários jovens que mudem o mundo e que não sejam conformistas e escravos dos telemóveis. Acreditamos, por isso, que o momento do encontro e comunhão na Jornada Mundial da Juventude pode fortalecer espiritualmente os jovens e, consequentemente ajudá-los a resolver os seus dilemas e servir de alento ao nascimento da motivação necessária para os envolver na construção do futuro.