O que esperar da Cimeira do Clima (COP30), que vai acontecer no Brasil de 10 a 21 de novembro? Os fogos rurais em Portugal são uma inevitabilidade? E cada um de nós, o que pode fazer para cuidar melhor da Casa Comum em que habita? Estas três perguntas têm mais ligação entre elas do que se possa imaginar e vão estar em cima da mesa numa conversa organizada pelo grupo Cuidar da Casa Comum em Santa Isabel, que terá lugar na próxima quinta-feira, 6 de novembro, em Lisboa, e para a qual todos estão convidados.
A conversa – intitulada “Os incêndios rurais, a emergência climática, a COP30 e nós” – está marcada para as 21h00, na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa (R. Saraiva de Carvalho 41, em Lisboa), e contará com a participação de Clara Barata (jornalista do PÚBLICO), Francisco Cordovil (investigador e professor aposentado do ISCTE) e Pedro Barata (economista e ambientalista).
Esta iniciativa surge no seguimento das ações públicas promovidas pelo mesmo grupo em 2023, como antecipação da COP28. “Nessa altura, organizámos uma vigília na igreja de Santa Isabel que teve uma grande adesão, e percebemos que as pessoas estavam ávidas de informação e ao mesmo tempo de partilha sobre as alterações climáticas e as questões a elas associadas”, recorda Ana Loureiro, que integra o coletivo, em declarações ao 7MARGENS. “Uma vez que existe muita informação e muita desinformação, achámos relevante contribuir para uma percepção objetiva da realidade. No caso português, a questão dos incêndios é indissociável das questões climáticas e achámos que, este ano, deveríamos abordar esta questão pela proporção que atingiu e também pelos mesmos motivos de complexidade informativa”, acrescenta.
Apesar de reconhecerem que “com o passar das COP, as expetativas foram diminuindo” em relação aos compromissos que nelas venham a ser assumidos, os membros do grupo Cuidar da Casa Comum em Santa Isabel consideram que “isso não nos pode paralisar, mas antes deve levar-nos a ser criativos, e não somente expectantes dos resultados”.
Daí terem decidido promover este ano, não apenas a conversa da próxima quinta-feira, mas também um momento de poesia, cânticos e silêncio, em frente à igreja de Santa Isabel, que terá lugar nas manhãs de 3 a 8 de novembro, entre as 7h30 e as 8h00, como manifestação para exigir aos líderes mundiais reunidos na COP30 decisões corajosas e vinculativas que “conduzam a uma decidida aceleração da transição energética, com compromissos eficazes que possam ser monitorizados de forma permanente” [ver 7MARGENS].
Entre essas decisões, destacam a conversão da dívida em ações climáticas nos países pobres; o apoio aos refugiados climáticos e auxílio aos mais pobres afetados pelas alterações climáticas; o consumo racional de energia e o final das energias fósseis; a conservação e restauro do património natural; a promoção de uma agricultura que alimente todos de forma sustentável; e a promoção de um estilo de vida responsável, frugal e sustentável.
Cuidar da Casa Comum é também “cuidar de todos e da paz”
As ações que o grupo irá promover na próxima semana enquadram-se num formato que definem como “pensar global e atuar local”, e que pretende envolver os vizinhos, a comunidade mais próxima, e todos quantos queiram e possam juntar-se.
Mas, além disso, o grupo está a trabalhar em ações mais abrangentes, nomeadamente “num protocolo com diferentes parceiros para implementar medidas de redução de emissões de gases com efeito de estufa da Igreja católica e outras instituições do terceiro setor”, adianta Rui Loureiro, que também integra o grupo Cuidar da Casa Comum em Santa Isabel.
E tem entre as suas principais preocupações “as guerras em todo o mundo, principalmente onde se faz desaparecer um povo”, procurando mostrar que cuidar da Casa Comum é também “cuidar de todos e da paz”. “Acreditamos que é possível um mundo mais justo e fraterno para todos, e que só se alcança a paz quando se alcançar uma maior justiça social, por isso o tema da conversão é tão importante: a conversão individual, coletiva e global”, destaca por seu lado Rita Reino Assunção, também ela pertencente ao grupo que nasceu no seio da paróquia de Santa Isabel.
Tendo a encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, como “grande linha de orientação”, o grupo sabe que “tudo está interligado”. “Por isso, andamos em várias frentes, mas só aparentemente, pois elas não se podem dissociar umas das outras”, explica Rita Reino Assunção. E conclui: “Somos um grupo de inconformados, mas esperançosos. Queremos continuar a ter a esperança de que é possível alcançar a justiça para todos”.
Texto redigido por Clara Raimundo/jornal 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.








