Nélio Pita, religioso vicentino de 51 anos, é o novo bispo auxiliar de Braga | Foto: Arquidiocese de Braga

O padre vicentino Nélio Pita foi nomeado bispo auxiliar de Braga, anunciou a Conferência Episcopal Portuguesa na última sexta-feira, 6 de junho, em nota enviada ao 7Margens. Escolheu como lema episcopal “Para que tenham Vida” e garante: “continuarei a ser missionário”, defendendo que “esta ideia de caminhar juntos, de sinodalidade, é fundamental”.

Nascido a 11 de outubro de 1973, no Estreito de Câmara de Lobos, ilha da Madeira, Nélio Pita, 51 anos, entrou em 1994 para a Província Portuguesa da Congregação da Missão, onde fez os votos perpétuos em 1999, tendo sido ordenado padre a 29 de julho de 2000, na Sé do Funchal.

Fez a licenciatura em Teologia na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, antes rumar a Madrid para se formar em Teologia Espiritual na Universidad Pontificia Comillas, e de fazer o mestrado em Psicologia Clínica no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, novamente em Lisboa (2010). Frequentou depois o Curso de Especialização em Psicoterapia Psicodinâmica na Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica, em Lisboa (2014-2018) e é membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses e Membro da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica.

Enquanto religioso vicentino, o novo auxiliar da arquidiocese de Braga foi diretor do Seminário Maior da Província Portuguesa da Congregação da Missão (2003-2008) e pároco da Paróquia de São Tomás de Aquino, em Lisboa (2008-2020), tendo integrado o Comité de Ética para a Investigação Clínica (2014-2017; 2020-2023) e o Secretariado Internacional de Estudos Vicentinos (2014-2020). Em 2020, foi eleito superior provincial da Congregação da Missão em Portugal e era, desde 2022, assistente geral em Roma, integrando ainda a direção do Centro de Reflexão Cristã.

Agora, diz que se sente “particularmente motivado para abraçar os desafios desta nova missão” e destaca que a experiência dos últimos três anos lhe permitiu o “conhecimento de uma realidade de várias Igrejas, tanto na América Latina como em África”, o que lhe deu “algum traquejo para agora assumir esta missão”. “Há um espírito de dedicação, de devoção que nós aprendemos na nossa vida, como missionários, e que vou tentar assumir como uma atitude fundamental no meu ministério como bispo auxiliar da arquidiocese de Braga”, afirmou em declarações à agência Ecclesia.

O novo bispo auxiliar de Braga mostrou-se confiante no apoio da equipa episcopal que vai encontrar, para “fazer caminho com eles”. “Para mim, esta ideia de caminhar juntos, de sinodalidade, é fundamental”, assumiu.

Recorde-se que, em outubro de 2023, Nélio Pita partilhou no 7MARGENS sentir “a premente necessidade de aprofundar a reforma iniciada pelo Concilio Vaticano II” e reconhecia que “a Igreja precisa de uma nova forma para responder às expetativas das mulheres e homens do nosso tempo”. E pedindo que “o tempo de sínodo” fosse de “reformas estruturais e não meramente cosméticas”, defendeu: “Mais do que conceptualizar novos dogmas ou do que dar orientações para fora de si mesma, urge sobretudo repensar a praxis em aspetos associados à sua organização. Uma reforma sobre a operacionalidade. Assim, na incessante procura de maior fidelidade ao Evangelho, é necessário rever a forma de ser Igreja em áreas como o perfil dos agentes pastorais, a linguagem, as estratégias de comunicação, os destinatários, os processos que favorecem maior participação nas tomadas de decisão, entre outros aspetos”.

Um mês antes, em entrevista ao Jornal da Madeira, havia afirmado que “as comunidades [católicas] não têm de ser reféns de uma estrutura de Igreja que depende, fundamentalmente, daqueles que são os celibatários, os clérigos. Não podemos privar as comunidades dos sacramentos, só porque quem os administra tem de ser um celibatário. A Igreja pode e deve equacionar uma mudança. Aliás, durante séculos, como é sabido, os ministros da Igreja eram casados e não foi, por isso, menos Igreja”.

Quanto ao lema escolhido para esta nova missão, inspirado na passagem do Evangelho segundo São João (Jo 10,10), fê-lo por acreditar que se encontra “fundamentalmente ao serviço da vida”. “Deus nosso Senhor fez-se homem para dar vida à vida. E nós vivemos numa sociedade que muitas vezes, aparentemente, oferece vida, mas contamina a vida”, alertou, partilhando o “desejo de ajudar a construir uma Igreja em que todos, sem exceção, possam encontrar um lugar, possam sentir que é a sua casa, possam sentir-se valorizados, possam sentir a sua vida dignificada”.

A ordenação episcopal vai ser celebrada na Catedral de Braga, dia 27 de julho, às 16 horas.

Texto redigido por Clara Raimundo/jornal 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.