Natalina Aniceto e Elisabete Nunes fazem parte de um grupo de 17 peregrinos, que ao longo dos últimos dias caminhara entre Mora e Fátima | Foto: Juliana Batista

Um grupo de 17 pessoas caminhou entre Mora, distrito de Évora, e o Santuário de Fátima, ao longo dos últimos dias. Partiram na última quinta-feira, 8 de maio, dia em que foi eleito o novo Papa, e foi durante o percurso que souberam que estava a sair fumo branco da chaminé da Capela Sistina.

Deste grupo de peregrinos fazem parte Natalina Aniceto, de 50 anos, e Elisabete Nunes de 52. Em declarações à FÁTIMA MISSINÁRIA, as peregrinas contaram que este grupo caminha desde 2013 até Fátima. Em cada ano, o grupo dá informações à Guarda Nacional Republicana (GNR) sobre o seu trajeto, o que depois faz com que esta força de segurança apoie os peregrinos durante o itinerário, sobretudo “quando não há bermas”.

Os momentos que antecedem a eleição do novo Santo Padre estão bem presentes na memória das peregrinas. “Quando se esperava a saída de fumo [do Vaticano] pedimos à GNR que nos acompanhava para nos informar, e foram eles que nos avisaram que já havia fumo branco. Quando houve fumo branco, foi grande a curiosidade. Nos últimos dias só temos caminhado e a ainda não sabemos muito sobre o novo Papa, mas a verdade é que ainda todos temos muito presente o Papa Francisco, de quem todos gostamos tanto.”

A atitude de um dos GNR sensibilizou muito o grupo de peregrinos. “Acompanharam-nos dois GNR. Um conduzia a carrinha, e um outro, com 23 anos, caminhou ao nosso lado. Fez 20 quilómetros connosco”, recordam as mulheres, que, em grupo, fizeram cerca de 120 quilómetros entre os dias 8 e 12 de maio.

Ao longo do percurso, o grupo pernoitou em “lares, centro de dias e em casas de congregações religiosas”. Durante o trajeto, depararam-se com muitos outros peregrinos. “Encontrámos muitos peregrinos durante o caminho. Nós caminhamos com carrinhas de apoio e outros grupos também, e há solidariedade entre nós. Oferecemos bens uns aos outros.” Em Mora, ficou um grupo de fiéis a confecionar a alimentação para quem caminha. “A partir de Mora, fazem para nós café, chá e bolos. Preparam também fruta para nós, e alguém vai ao nosso encontro para nos entregar.”

Além da GNR, este grupo contou com o apoio da Ordem de Malta. “A Ordem de Malta foi ao nosso encontro. Na equipa deles há médicos e enfermeiros. Fazem-nos massagens, tratam bolhas e feridas”. O caminho e a chegada a Fátima são um momento de gratificação. “Caminhamos quatro dias, com muitos pensamentos, choro e sofrimento. Quando um precisa de descansar, descansamos todos. Estamos a cansar-nos fisicamente, mas estamos a descansar mentalmente. Ao longo do caminho, partilhamos a nossa história com os outros. Assim, fugimos ao trabalho, e passamos uns dias vividos em comunidade. Fátima é um lugar de paz, e viver estes dias é muito gratificante.”