O novo Papa é poliglota, incluindo, nas línguas que fala, o italiano, o espanhol e o português | Foto: Foto: Lusa/EPA

É um religioso agostiniano. Tem uma visão planetária, por ter sido pároco e bispo no Peru e, sobretudo, superior geral da sua congregação, de 2001 a 2013. É poliglota, incluindo, nas línguas que fala, o italiano, o espanhol e o português.

Nasceu em Chicago, no Estado do Illinois, EUA, em 14 de setembro de 1955, filho de emigrantes – o pai, com origens franco-italianas, foi um veterano da marinha dos Estados Unidos da América, na II Guerra Mundial, antes de se dedicar à educação; a mãe, de origem espanhola, foi bibliotecária. O agora Papa tem dois irmãos.

A formação de Robert esteve desde cedo ligada aos Agostinianos, ordem em que fez votos no início dos anos 80 e foi ordenado presbítero pouco depois. Ainda na mesma década foi enviado como missionário para o Perú, país onde desempenhou quer funções pastorais quer de formação num seminário agostiniano.

Depois de um período em que exerceu as funções de provincial nos Estados Unidos, foi eleito superior geral da mesma congregação, em dois mandatos seguidos (2001-2013), o que lhe permitiu conhecer, através das visitas às missões espalhadas pelo mundo, as igrejas locais em que elas se inseriam.

Já no pontificado do Papa Francisco, viria a ser nomeado bispo de Chiclayo, de novo em terras peruanas, em meados da década passada, período em que desempenhou também funções de responsabilidade na estrutura da Conferência Episcopal peruana. Foi de lá que foi chamado para o Vaticano, assumindo, em janeiro de 2023, a responsabilidade de prefeito do Dicastério para os Bispos, sucedendo ao cardeal canadiano Ouellet. Ainda nesse ano, integraria a lista de cardeais escolhidos por Francisco.

Academicamente, Robert Prevost começou por estudar matemática (bacharelato), enveredando, depois, pela teologia, vindo a licenciar-se e a doutorar-se em direito canónico.

Quem o conhece diz que Prevost é uma pessoa calma, equilibrada, discreta, bem humorada, com propensão para moderador entre fações. “Não importa os problemas que tenha, ele mantém o bom humor e a alegria”, disse o padre Fidel Purisaca Vigil, diretor de comunicações da antiga diocese de Prevost em Chiclayo, à Associated Press. Para ele, “um bispo é um pastor próximo do povo, não um gestor”, conforme disse, em 2023, em entrevista ao jornalista Andrea Tornielli.

É reconhecidamente um amigo de Francisco. Com ele partilha preocupações como uma Igreja de escuta e proximidade, mais sinodal; e também se mostrou sensível às questões relacionadas com o cuidado da Casa Comum e a crise climática, por exemplo.

Alguma sombra do seu percurso surge ligada ao tema dos abusos sexuais do clero. Em dois momentos – primeiro enquanto provincial, nos Estados Unidos, e, depois, enquanto bispo de Chiclayo, surgiram denúncias de que Prevost não lidou da melhor forma com casos envolvendo membros do clero. Nos dois casos, o visado apresentou alegadas provas de que não podia ser responsabilizado pelo que se passou. É provável que, com a eleição de Leão XIV, os casos sejam de novo escrutinados. Por outro lado, é pouco provável que esta matéria não tenha sido objeto de análise e ponderação no próprio conclave ou nos seus bastidores, antes de se avançar para o escrutínio final. Em qualquer caso, o que vai ser decisivo nesta matéria será acompanhar como irá Leão XIV dar continuidade à política de tolerância zero que em matéria de abusos inauguraram os papas Bento XVI e Francisco e sobre a qual muito há ainda a fazer.

Texto redigido por Manuel Pinto/jornal 7Margens, ao abrigo de uma parceria com a Fátima Missionária.