A mudança que ocorreu no Lar Marista em 2015 foi, no meu entender, fruto da vontade de Deus, porque houve uma melhoria significativa no acolhimento de crianças e jovens em risco – surgiu a casa de acolhimento residencial especializada no tratamento terapêutico de crianças e jovens com deficiência e/ou com doença crónica.
Neste momento, temos 17 crianças e jovens de ambos os sexos, com vários tipos de necessidades e patologias. Este é um trabalho muito bonito. Costumo dizer que esta é a minha carreira de sonho. Podia ter escolhido outras áreas profissionais, mas quem me conhece sabe que amo o desafio que as várias atividades do dia a dia me proporcionam, desde a higiene ao estar com eles, entre outras atividades.
Este desafio tornou-se numa lição diária de humildade. Eles são verdadeiros heróis, porque, com a nossa ajuda, e estando numa casa muito bem preparada, com uma direção e corpo técnico de excelência, com um grupo de educadores “que dão o litro” por eles, conseguem superar-se. Este é um trabalho pelo qual temos que ter gosto, e vivê-lo não como um emprego, mas sim como uma missão.
É, sem dúvida, um trabalho muito desgastante, quer física, quer psicologicamente. Devemos viver o momento presente, dando sempre o melhor de nós, na partilha das dificuldades, dos sorrisos e dos choros. Para mim, estar ali é como estar com a minha segunda família, desfrutando também com pequenas vitórias como assistir a uma criança que coloca a colher à boca por si própria, ou outra que pede para ir à casa de banho. Muitos dos que excedem a idade limite de permanência – 18 anos – continuam a ser parte da família, porque sendo uma IPSS, a instituição consegue mantê-los e apoiá-los, pois as vagas noutras instituições são praticamente inexistentes.
Texto e foto: Paulo Rocha