Bernard Obiero - Diretor da Fátima Missionária

Muitos países vão às urnas este ano para decidirem quem serão os próximos líderes. São 68 países! Alguns países têm sistemas eleitorais organizados e outros nunca tiveram eleições totalmente livres. Existem contextos geopolíticos diferentes, ambientes de tensão, ansiedade e muitas incertezas. Algumas pessoas têm esperança que finalmente tenha chegado o tempo das mudanças.

Os meios de comunicação social transmitem várias campanhas eleitorais e ouvimos muitas promessas, algumas irreais e outras contraditórias. Qual é a nossa responsabilidade cívica e cristã? Alguém é da opinião que um bom cristão não deve meter-se na política. Na verdade, muitos não participam nas eleições. Outros apoiam os líderes autoritários. A má política pode destruir o mundo inteiro. Um cristão deve contribuir com um espírito crítico e evangélico, segundo as indicações da Doutrina Social da Igreja.

O filósofo Aristóteles já dizia no século IV a.C. que o homem é um animal político, capaz de dialogar com os outros, de criar relações de amizade e de cooperação para o bem da pólis. De facto, todos os grupos sociais contribuíam para o bem comum da sociedade ateniense, desempenhando funções diferentes. A política é uma forma de viver o compromisso cristão ao serviço dos outros. A constituição pastoral sobre a Igreja no mundo atual, “Gaudium et Spes”, recorda-nos que “todos os cidadãos se lembrem, portanto, do direito e simultaneamente do dever que têm de fazer uso do seu voto livre em vista da promoção do bem comum”.

Várias situações globais, como o declínio do poder político, abusos de autoridade, aumento de governos populistas, discursos de ódio, conflitos violentos e injustiças sociais, merecem a nossa reflexão. Há um grande problema de liderança. Faltam líderes políticos com capacidade e autenticidade. Arménio Rego, professor universitário e autor de livros sobre a liderança, afirma que “o exercício de funções de liderança requer muito mais do que competências técnicas. Exige também competências sociais, conceptuais e de liderança pessoal”. O exercício da autoridade deve assumir o caráter de serviço, que se deve desempenhar sempre no âmbito das leis morais para a promoção do bem comum. A finalidade da política é servir a humanidade, com a opção preferencial pelos pobres e marginalizados.