Depois de seis dias de formação, partilha e convívio, o Curso de Missiologia chega ao fim este sábado, 26 de agosto, nas instalações dos missionários da Consolata, em Fátima. Do grupo de formandos fez parte Saferinus Njo, sacerdote da congregação Padres Monfortinos, nascido na Ilha das Flores, na Indonésia.

Saferinus chegou a Portugal com 29 anos, idade com que saiu pela primeira vez da Indonésia. Escassos dias depois de aterrar em território português, celebrou o seu 30.º aniversário. Tem agora 31 anos. Ao longo da sua formação sacerdotal, passou pela Ilha de Java e por Bornéu.

Cultivar para viver

“Na minha família erámos nove irmãos, mas cinco deles morreram quando eram pequenos. Agora somos quatro irmãos, e eu sou o mais novo. Os meus restantes irmãos estão casados. Venho de um país onde as pessoas praticam, sobretudo, a agricultura. O prato principal da minha terra é arroz. Comemos arroz em todas as refeições. Cultivamos arroz e hortaliças. O que produzimos comemos. Há também o cultivo de café, mas para venda”, indica.

Orgulho pela missão da Igreja

O sacerdote fala da Ilha das Flores como um lugar verde, com terrenos para cultivo, mas também “longe da cidade”, e com “acessos difíceis”, o que faz com que não seja fácil as pessoas moverem-se, e, consequentemente, “venderem e comprarem” produtos. As estruturas da Igreja no país, são um motivo de orgulho. “Na minha região, a Ilha das Flores, a maioria das pessoas é católica, cerca de 90 por cento. A Igreja tem um papel muito forte, e detém escolas e hospitais. Como católico, orgulho-me. Assim temos meios para ajudar as pessoas, sejam católicos ou os muçulmanos, que também existem lá.”

Uma aprendizagem contínua

O religioso faz um balanço positivo da sua participação no Curso de Missiologia. “Este curso faz parte integrante da minha vida. A missão é uma formação permanente. Precisamos de nos atualizar e renovar com frequência, seja na vida pessoal ou, no meu caso, como sacerdote e religioso. Este curso foi uma oportunidade para poder aprender e para deter uma nova visão sobre a minha missão”, destacou o missionário.

O desafio de aprender uma nova língua

Saferinus é atualmente vigário na paróquia da Póvoa de Santo Adrião, em Lisboa, uma missão que requer a aprendizagem da língua portuguesa. “Eu aprendi muito com os missionários europeus quando eles foram ter à minha terra. Quando eles partiam, tinham de aprender a língua, e agora é a minha vez, sou eu a aprender uma nova língua e estou num novo contexto. A missão, em si, tem exigência, e uma delas é a língua. Eu estou a aprender. No meu idioma não temos acentos e a gramática também é mais fácil porque não temos conjugações como na língua portuguesa, mas toda esta aprendizagem também me coloca sempre em missão”, realçou o jovem sacerdote. O Curso de Missiologia está a decorrer desde a passada segunda-feira, 21 de agosto, com o tema “Corações ardentes, pés ao caminho”.

Texto: Juliana Batista