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Com o lema “Metemo-nos a caminho: leigos formados para serem protagonistas da vida e da missão da Igreja”, este “Ano dos leigos”, celebrado pela Conferência Episcopal do Paraguai desde novembro de 2021, vem sublinhar e reforçar uma das ideias mais importantes que serão tratadas no sínodo dos bispos, a realizar-se em Roma, em outubro de 2023 e 2024 – “Dado que o tema dos leigos e da sua ação no mundo é de central importância, é imperativo que a sua formação seja tomada mais a sério. Como precisamos de mais leigos empenhados, devemos, como Igreja, investir cada vez mais na sua formação”.

No caso desta iniciativa do Paraguai, organizada pela Coordenação Nacional dos Leigos, é de louvar a tomada de consciência da necessidade de promover a “formação dos leigos que participam ativamente na vida e missão das comunidades locais, como batizados e filhos/as de Deus”. Este “Ano dos leigos” quis ser um tempo dedicado à reflexão sobre a realidade e missão dos leigos. Definindo este tempo como “kairos”, ou seja, um tempo de Deus, um tempo de graça, os bispos sublinharam a importância de três momentos eclesiais – a Assembleia Eclesial da América Latina e Caraíbas, o sínodo sobre a sinodalidade e o ano dedicado aos leigos – que acompanham a Igreja em saída, aberta ao mundo.

Estes momentos são uma ocasião privilegiada para que os membros da Igreja se encontrem, se escutem, avaliem e reflitam sobre qual rumo seguir nas estradas da missão. Depois de confirmarem a importância do processo de sinodalidade para a vida e o caminho da Igreja, os bispos afirmaram que diante dos grandes desafios do presente e do futuro, dentro e fora da Igreja, “esperam que a mão de Deus abençoe o caminho a seguir”, pedindo à Igreja que tenha muitas testemunhas, incluindo mártires, em todos os ambientes, como tantos que escreveram a história da Igreja no passado, desde o seu início até aos nossos dias – os nomes deles são memória viva do Evangelho.

A tecnologia ao serviço da formação

Foram cinco os encontros em quemuitos leigos de várias dioceses participaram, através da plataforma digital zoom (programa que possibilita a realização de videoconferências), seguidos de reuniões nas paróquias de origem. De 18 de setembro a 20 de outubro, o programa centrou a análise e discussão nos seguintes temas: “A identidade dos leigos”, “O laicado: a sua vocação e missão”, “O tempo da Criação: crise climática e seca”, “O protagonismo dos leigos na procura e promoção do bem comum” e “Missão das comunidades cristãs”.

No início do “Ano dos leigos”, os bispos convidaram os fiéis a não permanecerem indiferentes ao que se passa na sociedade, nem a ficarem fechados nas igrejas, nem a esperarem pelas diretivas eclesiásticas para lutarem pela justiça, por formas de vida mais humanas para todos. Diziam ainda os bispos, citados pela agência Fides: “Leigos católicos, sede discípulos missionários do Senhor. Ide e anunciai a Boa Nova ao nosso povo, transformai as vossas famílias, o vosso posto de trabalho, participai na vida pública, nas organizações do vosso bairro, do vosso partido político… Sede fermento na massa, iluminai com o testemunho da vossa vida as trevas do pecado que ameaçam a dignidade dos mais frágeis, pobres e vulneráveis da sociedade”.

Se cada um de nós tiver consciência de que “é Igreja”, acredito que os desafios colocados pela sociedade de hoje, no Paraguai e por esse mundo fora, irão tornar a Igreja mais humilde e mais fiel à sua vocação e missão. Para tal, devemos viver com mais humildade, centrada no espírito do amor e serviço ao próximo, fruto de um testemunho de vida mais coerente com os valores do Evangelho. Acredito que iniciativas deste género são inspiração e “combustível espiritual” para que a Igreja possa continuar em marcha a sua missão neste mundo, um mundo que cada vez mais precisa de Deus.

Texto: Álvaro Pacheco, missionário da Consolata