Daniel Bastos - Historiador

As últimas décadas têm sido marcadas, no seio das comunidades portuguesas, pela consolidação e surgimento de um conjunto variado de meios de comunicação social. Nos formatos de jornal, revista, rádio, televisão ou, mais recentemente, portal de informação, o aparecimento ou reafirmação destes projetos de comunicação social são simultaneamente um sinal evidente do dinamismo das comunidades portuguesas, assim como do papel estruturante que os órgãos de informação desempenham na sociedade contemporânea ao nível dos modos de vida, dos valores, das opiniões e da visão do mundo que partilhamos.

Não deixa igualmente, no caso da imprensa de língua portuguesa no mundo, de ser um evidente reflexo dos elevados números da emigração lusa, que fruto da falta de oportunidades de emprego leva a que ciclicamente milhares encontrem fora de Portugal a oportunidade que o país não lhes proporcionou.

É neste cenário de geografia global que os órgãos de comunicação social das comunidades portuguesas num mundo em crescente mobilidade desempenham um papel insubstituível e incontornável na promoção da língua, da cultura e da economia nacional no estrangeiro, assim como do pulsar da vida das sociedades em que está inserida.

Com incontáveis dificuldades, várias vezes sem o devido reconhecimento do poder político das pátrias de origem ou de acolhimento, e na maior parte dos casos sobrevivendo graças ao espírito de carolice dos seus diretores, colaboradores, leitores e empresários mecenas, com mais ou menos dificuldades expostas pelas crises económicas, a tudo isto os meios de comunicação social produzidos pelos emigrantes portugueses e seus descendentes vão resistindo e renovando-se dando um exemplo, genuíno de altruísmo e serviço em prol de uma informação de proximidade que constrói pontes entre povos, dilui a saudade e a distância, fortalece a identidade cultural e projeta Portugal no mundo.

Como assinala a antropóloga Sónia Ferreira no trabalho “A emigração portuguesa e os seus meios de comunicação social”, os “média produzidos pela diáspora são instituições sociais onde podemos ler amplamente como estas identidades se constroem e consolidam mas igualmente como vivem e se expressam”.

Na esteira das palavras da mesma, inclusivamente muitos meios de comunicação social das comunidades portuguesasorganizam como extensão da sua produção de conteúdos, atividades como festas, encontros, concertos, viagens e diversos outros tipos de atividades lúdicas que associam a praxis ou performance do nacional, ou seja, da cultura dita portuguesa a exercícios fora do estúdio de exaltação da sua componente expressiva. A decoração das salas, dos palcos, dos recintos, os trajes e atitudes dos apresentadores e animadores destes eventos incorporam igualmente este cenário. E, não raras vezes, são “mecenas de eventos que tanto celebram datas festivas do calendário português, como o 10 de junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas – como outras onde anual e sazonalmente se promovem eventos lúdicos de grandes dimensões”.