A insegurança alimentar aguda e a desnutrição infantil registaram em 2024 uma nova subida, pelo sexto ano consecutivo, segundo o Relatório Global sobre Crises Alimentares, divulgado por diversas agências das
Nações Unidas no passado mês de maio. Em 2024, 295 milhões de pessoas sofreram com fome aguda,
quase 14 milhões a mais em comparação com o ano anterior.
A quantidade de pessoas que suportou níveis catastróficos de fome, considerado o grau mais elevado da
Classificação Integrada de Segurança Alimentar, alcançou um novo recorde, chegando a 1,9 milhão. Quase 38 milhões de crianças com menos de cinco anos foram afetadas por desnutrição grave em 26 crises nutricionais em diferentes pontos do mundo.
O relatório indica que os conflitos continuam a ser o principal responsável pela insegurança alimentar aguda, atingindo cerca de 140 milhões de pessoas. Para um aumento acentuado da fome contribuíram também as deslocações forçadas: quase 95 milhões de pessoas que se viram obrigadas a fugir das suas casas estão agora a viver em países que enfrentam crises alimentares. As crises económicas, incluindo inflação e desvalorização da moeda, provocaram a fome em 15 países, atingindo 59,4 milhões de pessoas, quase o dobro dos níveis anteriores à covid-19. Graves catástrofes naturais, nomeadamente secas e inundações, originaram crises alimentares em 18 países, deixando mais de 96 milhões de pessoas em privação.
Financiamento escasseia
De acordo com António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, crises alimentares antigas estão a ser agravadas pela recente “redução dramática no financiamento humanitário”, o que compromete o apoio às populações afetadas. O responsável considera que esta redução do financiamento demonstra “falta de humanidade”. Os autores deste trabalho de investigação acreditam que a fome vai manter-se este ano, e que o mundo está perante o que provavelmente é a redução mais significativa no financiamento humanitário para crises alimentares e nutricionais na história deste relatório, que existe desde 2016. Entre os países onde os habitantes mais sofrem com fome estão a Faixa de Gaza, Iémen, Síria, Afeganistão, Mali, Haiti, Colômbia, República Democrática do Congo, Sudão e Sudão do Sul.








