"No último dia 27 de janeiro, tive a graça de saudar o Papa Francisco pessoalmente", recorda Jaime Patias, sacerdote Missionário da Consolata | Foto: DR

O primeiro Papa latino-americano chegou a Roma do “fim do mundo”, como o próprio referiu na primeira mensagem dirigida aos fiéis. Escolheu por nome Francisco, inspirado no ‘pobrezinho’ de Assis. “Como eu gostaria de uma Igreja pobre, para os pobres”, afirmou poucos dias depois da sua eleição, que ocorreu a 13 de março de 2013.

Trabalhou incansavelmente por uma Igreja “em saída” como “um hospital de campanha” para alcançar e cuidar de todos. Tornou-se o Papa da misericórdia e da compaixão que colocou a periferia no centro do mundo. Realizou 47 viagens apostólicas visitando 66 países, o primeiro dos quais o Brasil, na Jornada Mundial da Juventude de 2013. Queria estar onde todos estavam.

Deixa a imagem de um grande ser humano, um líder que fez a diferença num mundo carente de modelos. Um Papa muito presente e próximo, que soube tecer relações entre o seu Pontificado e o povo de Deus. “Rezem por mim”, pedia. Telefonava para diversas pessoas e surpreendia-as com o seu bom humor. Com Francisco, o Papa fez-se humano e, ao mesmo tempo, um profeta da esperança e da misericórdia. Tinha no seu coração os principais temas que preocupam a humanidade: os pobres e excluídos; os migrantes e refugiados; o cuidado da Casa Comum com a sua ecologia integral; a paz entre os povos e nações; o diálogo inter-religioso e a comunicação transparente e verdadeira.

No último dia 27 de janeiro, tive a graça de saudar o Papa Francisco pessoalmente, durante a audiência com os comunicadores participantes do Jubileu do Mundo da Comunicação. Apertei, mais uma vez, a sua mão e senti o seu calor humano e divino. Olhando-o nos olhos, disse-lhe: “Santo Padre, rezo pelo senhor. Hoje é o meu aniversário, peço a sua bênção!” Francisco sorriu e pediu aos ajudantes um estojo vermelho. Que presente! Era um terço. Quanta emoção e gratidão. “Obrigado, Francisco!” Nestes últimos dias, em comunhão com toda a Igreja, rezei muito pela sua saúde. Parecia ter superado a crise. Regressou à Casa de Santa Marta. E sem esconder a sua condição de idoso frágil, continuava a fazer surpresas com os seus gestos e algumas palavras pronunciadas com certa dificuldade.

No Domingo de Páscoa, 20 de abril, na sua Mensagem Urbi et Orbi (para a cidade de Roma e para o mundo), Francisco lembrou as principais guerras e lançou o seu último apelo em favor da paz. “Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento!” Depois deixou a sua bênção para a Igreja e toda a humanidade. Estava a despedir-se… No dia seguinte, segunda-feira de Páscoa, dia 21 de abril de 2025, Francisco fez a sua Páscoa na certeza de que a morte não é o fim de tudo. Agora repousa no infinito amor misericordioso do Deus Uno e Trino que tanto amou e serviu.

Texto: Padre Jaime C. Patias, IMC, Secretariado Geral para a Comunicação