Hélder Afonso, Diretor Nacional da Pastoral dos Ciganos

Ao longo da história, os ciganos enfrentaram e enfrentam discriminação e marginalização, especialmente em contextos que não valorizam a diversidade cultural. Desde a sua chegada à Europa, no início da Idade Média, os ciganos viveram os preconceitos e estereótipos que moldaram a sua trajetória. Embora tenham contribuído para a cultura e diversidade, continuam a ser alvo de discriminação e exclusão social, e muitos ainda enfrentam dificuldades no acesso a serviços básicos, como educação, habitação, emprego e saúde.

A Igreja Católica, ao promover a inclusão dos ciganos, deve valorizar e integrar essas tradições, fomentando um ambiente de compreensão e respeito mútuo. No encontro com os participantes da Peregrinação do Povo Cigano a Roma, em 2015, o Papa Francisco disse à comunidade cigana – “Vós mesmos sois os protagonistas do vosso presente e do vosso futuro. Como todos os cidadãos, podeis contribuir para o bem-estar e o progresso da sociedade, respeitando as leis, cumprindo os vossos deveres e integrando-vos também através da emancipação das novas gerações.” Estas palavras são um encorajamento à comunidade cigana, destacando a importância de construir uma sociedade mais justa e misericordiosa, muitas vezes contaminada por discursos fáceis de ódio e xenofobia.

O presente Ano Jubilar convida a um olhar atento sobre as vulnerabilidades enfrentadas pelos ciganos e a importância do acolhimento. A 18 de outubro, será organizado um evento jubilar para a comunidade de ciganos e itinerantes. A participação dos ciganos no Jubileu pode simbolizar a sua busca por dignidade e reconhecimento. A sua inclusão nas celebrações reforça a mensagem de que a diversidade cultural enriquece a experiência comunitária.

A Igreja assume assim um papel essencial na promoção da inclusão dos ciganos através do Jubileu; no entanto a mensagem de acolhimento e fraternidade deve traduzir-se em ações concretas que beneficiem os ciganos. Cada gesto de acolhimento e cada voz que se levanta em defesa da dignidade da comunidade cigana pode contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

O Jubileu, sob a orientação do Papa Francisco, deve servir como um catalisador para a inclusão da comunidade cigana. A esperança sem ações concretas perde o seu valor. A construção de uma sociedade mais justa e inclusiva requer o compromisso de todos, unindo as vozes em prol de uma dignidade compartilhada. Somente juntos, através da empatia e do acolhimento, se poderá edificar um futuro onde todos tenham um lugar de direito e respeito.