Da esquerda para a direita: Gonçalo Patrocínio (Fundação JMJ), padre Alexandre Palma (novo presidente da Fundação JMJ), cardeal Américo Aguiar (presidente cessante), João Duque e Nuno Valério (ISEG). Foto © José Alberto Catalão/7MARGENS.

Os mais de 31 milhões de euros de lucro provenientes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) ainda não têm destino para a sua aplicação. O padre Alexandre Palma, que irá substituir o cardeal Américo Aguiar na presidência da Fundação JMJ disse apenas, na última sexta-feira, 31 de maio, na conferência de imprensa de apresentação das contas da Jornada, que o dinheiro pertence aos jovens e será investido na área da promoção da infância e da juventude.

“O valor angariado com o encontro será, posteriormente, aplicado no desenvolvimento de projetos de apoio a jovens, a implementar nos concelhos de Lisboa e Loures”, assegura a Fundação no documento de apresentação das contas, distribuído aos jornalistas. Na conferência de imprensa, Alexandre Palma garantiu que a Fundação prosseguirá a sua atividade focada nas áreas da infância e da juventude, e a educação, cultura e pastoral com jovens serão áreas de investimento. “Depende das solicitações e do diálogo a estabelecer com os parceiros”, referiu.

No total, havia 35,374 milhões de euros em caixa à data de 31 de dezembro de 2023. Um valor que Américo Aguiar salienta como “muito acima do que esperava”. “Durante [o ano de] 2023 foram obtidos rendimentos de 74,266 milhões de euros, mais 13,7 por cento que o orçamentado e foram realizados gastos no valor de 43,075 milhões de euros”, explica a nota de imprensa. Depois de pagas as restantes despesas com a JMJ, ficaram 31,357 milhões de lucro.

Na sessão, participaram também dois professores do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão, que agora usa a designação oficial, em inglês, de Lisbon School of Economics & Management). João Duque e Nuno Valério deram conta da avaliação do impacto económico da Jornada. As principais conclusões deste estudo demonstram que a JMJ contribuiu para um aumento a curto prazo do nível de atividade económica e do nível de emprego nacionais, para além de ter conduzido a um crescimento de pequeno alcance do nível de emprego.

À margem da visita ad limina que os bispos portugueses realizaram a Roma de 20 a 24 de maio, o patriarca de Lisboa, Rui Valério, destacou ainda que a JMJ “acompanhou diariamente” os bispos, por ter “sido tão marcante” e por “mostrar o rumo para o futuro” da Igreja. “A sua presença nos nossos diálogos, nos nossos encontros, não teve tanto que ver com o que foi, com o que aconteceu. A Jornada continua a ser uma chama que arde, na medida em que ela nos continua a mostrar o rumo para o futuro”, afirmou. “E esse rumo passa, necessariamente, por uma participação global de toda a Igreja, passa exatamente por esta consciencialização do primado da evangelização e passa, nomeadamente, por esta atenção aos jovens a partir dos jovens. Portanto, a JMJ esteve presente, foi sustentáculo das nossas reflexões, foi procura para encontrar referências para o caminho evangelizador e missionário que a Igreja – e concretamente a Igreja de Lisboa – quer continuar a trilhar”, referiu o patriarca.

A Jornada Mundial da Juventude teve lugar em Lisboa de 1 a 6 de agosto de 2023, tendo reunido mais de 400 mil peregrinos inscritos, incluindo voluntários e membros da Igreja vindos de todos os países do mundo, com exceção das Maldivas. Na celebração final com o Papa Francisco, calcula-se que terão participado mais de um milhão de pessoas.

Texto redigido por José Alberto Catalão, do jornal 7Margens, ao abrigo de uma parceria com a Fátima Missionária.