Crianças e jovens de Fátima visitaram a Casa do Bom Samaritano, onde estiveram em contacto com mulheres com deficiência. A experiência foi marcante para o grupo | Foto: DR

Fazer parte do grupo “Weekend com Jesus”, dos Missionários da Consolata, deu-me a oportunidade de conhecer em Fátima a Casa do Bom Samaritano, das Irmãs Franciscanas da Divina Providência, que acolhe mulheres com deficiência. A visita do nosso grupo, constituído por crianças e jovens, não deixou ninguém indiferente. Foi um encontro marcante.

A primeira frase que lemos, escrita no exterior do edifício, dizia – “Olhai os lírios do campo” – mas só a iríamos compreender verdadeiramente quando entrássemos naquela casa e conhecêssemos as nossas anfitriãs. Fomos recebidos pela irmã Ana Nunes, a responsável daquela Instituição, que nos deu as boas–vindas e nos falou sobre aquela casa. Ficámos a conhecer os seus fundadores e a missão da instituição, destinada a acolher os mais pobres e vulneráveis da sociedade, assim como a parábola do bom samaritano, um retrato de compaixão por alguém em situação de fragilidade.

De seguida, fomos divididos em grupos, para nos dirigirmos a espaços diferentes da casa. A irmã Ana explicou-nos que cada sala estava preparada para pessoas com necessidades diferentes, como não conseguir falar, ver ou andar. Por isso, cada lugar era diferente e especial. A irmã Ana disse-nos: “Vocês não estão aqui por acaso. Foram escolhidos por uma razão. O grupo em que estão calhou-vos por uma razão especial. Tudo faz parte dos planos de Deus e da sua Divina Providência. Por isso, confiem e deixem-se conduzir por Ele”.

O primeiro lugar onde parámos foi a capela, que nos foi apresentada pela irmã Ana como “o coração da casa”. É um espaço colorido e acolhedor, representativo da vida e da alegria característica daquele lugar. Depois de um breve momento de silêncio e reflexão, prosseguimos a visita.

Não sei se algum de nós fazia ideia do que ia encontrar. Talvez ainda nunca ninguém tivesse contactado com tanta proximidade com pessoas assim tão especiais. No entanto, o mais tocante foi o quão próximos nos sentimos delas, apesar de todas as diferenças. Aquelas meninas estavam cheias de amor e felicidade para partilhar. Quando nos viram, mal esperaram que entrássemos, foram ao nosso encontro, cumprimentaram–nos com um aperto de mão e algumas com um beijo e um abraço. Perguntaram o nosso nome, de onde vínhamos, como era a nossa família… Durante aqueles minutos, tivemos a oportunidade de entrar no seu mundo, conversar com elas, desenhar, pintar, jogar, cantar e ouvir as suas histórias.

Depois do convívio, acompanhámos as meninas no seu lanche. Umas dirigiram-se ao refeitório, outras ficaram nas salas. Alguns de nós puderam ajudar a dar de comer, sendo as mãos, e os olhos daquelas mulheres com deficiência. Outros, enquanto acompanhavam as meninas pelos corredores, puderam testemunhar a sua alegria e também o orgulho de fazerem parte da Casa do Bom Samaritano.

Ainda nos faltava um momento muito especial – a Eucaristia – que celebrámos juntos, com muita alegria e animação. Foi tempo de agradecer a Deus pelas nossas vidas e, em especial, por este dia diferente, em que recebemos uma grande lição de amor. Antes de nos despedirmos, passámos pela sala snoezelen, onde tivemos de estar em silêncio absoluto. As cores e os sons relaxantes ajudaram-nos a acalmar e a refletir sobre a nossa experiência. O que levei deste dia? O desejo de ser como os lírios do campo e confiar nos planos de Deus.

Texto: Alexandre Prazeres