A guerra provocada pela Rússia na Ucrânia está a fazer com que milhares de ucranianos fujam para os países vizinhos. Luca Bovio, sacerdote missionário da Consolata presente na Polónia, partilhou um texto com a congregação, onde dá conta da situação vivida naquele país, que está a acolher os refugiados da guerra.

“Testemunhar tudo isto desde um país vizinho como a Polónia, permite-nos ver a realidade a partir de uma perspetiva diferente. Falando nestes dias com os polacos, especialmente os de uma certa idade, sobre o que está a acontecer, tem-se a sensação de falar com pessoas que já viram cenas deste filme. Encontra-se raiva e resignação ao verem-se atentados à bomba e civis inocentes mortos. Muitas vezes abanam a cabeça e comentam: ‘Sempre foi assim durante décadas…’ É como um dos piores pesadelos que de repente volta a meio da noite. Alguns deles, sem se atreverem a picar as palavras, com os olhos a brilhar, deixam escapar frases como: ‘Se isto continuar, seremos os próximos…’ Outros, em vez disso, encontram nisto a razão para mostrar o seu orgulho e mostrar a coragem de defender a sua pátria de qualquer forma. A história repete-se a si mesma”, conta o missionário.

Na missiva, o sacerdote faz também referência à solidariedade envolvida. “Os refugiados, que já estão a fugir da guerra em grande número e a entrar na Polónia, encontram um acolhimento organizado. As fronteiras foram abertas e a passagem é mais fácil. Espera-se que o número de refugiados seja elevado. Algumas estimativas falam de até 2 milhões de pessoas. Neste momento, a maioria deles são mulheres e crianças. Os homens estão a ficar para trás, na Ucrânia, para lutar. No nosso município de Łomianki, perto de Varsóvia, estamos também a trabalhar em conjunto com a paróquia e a Cáritas. Nestas horas está a chegar um autocarro de mães com filhos. A nossa tarefa é procurar famílias para as acolher. Não está fora de questão que também possamos ser capazes de acomodar alguém na nossa casa em Kielpin. Dentro de alguns dias, a Quaresma começará para nós, cristãos. Peçamos em oração pelo dom da paz, e como gesto de autêntica conversão, construamos a paz à nossa volta”, apela o sacerdote.