Ivan Petliak, sacerdote ucraniano em serviço pastoral na diocese de Setúbal, explica que agora “o conflito se abriu e todos veem”, mas os ucranianos já o sentem há oito anos. Segundo religioso, o aeroporto da cidade mais próxima da aldeia onde vive a sua família foi atacado, no lado ocidental da Ucrânia, perto da Polónia, conforme explicou em declarações à agência Ecclesia.

Também Ivan Hudz, sacerdote que acompanha a comunidade Greco-Católica Ucraniana na arquidiocese de Évora e na diocese de Beja, lembra que se reza “pela paz há oito anos”. A família e amigos do sacerdote encontram-se a 300 quilómetros da fronteira com a Polónia. O religioso encontra-se em contacto permanente com os familiares para saber como está “toda a situação na Ucrânia”.

As Igrejas europeias “condenam fortemente o que aconteceu esta noite no leste da Ucrânia e devem agir conjuntamente e com determinação para acabar com a agressão russa e fazer, tudo o que for possível, para proteger mulheres, homens e crianças inocentes: em nome de Deus, parem agora”, apela em comunicado Gintaras Grušas, presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), e arcebispo de Vilnius, na Lituânia.

“Que as armas deem lugar ao diálogo e negociações, e que o direito internacional e a independência e soberania da Ucrânia sejam defendidas”, apela o responsável, alertando para o facto do atual cenário ser uma “ameaça para toda a Europa”. “Os bispos europeus e as comunidades cristãs rezam pelas vítimas deste conflito e pelas suas famílias. Unindo-se àqueles que sofrem com estes atos de violência”, refere o responsável, a partir de Florença, em Itália, onde tem lugar o encontro “Fronteira da paz”.

Pietro Parolin, cardeal e secretário de Estado do Vaticano, apela ao regresso da “negociação” para travar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. “Os cenários trágicos, que todos temiam, infelizmente estão a tornar-se realidade. Mas ainda há tempo para a boa vontade, ainda há espaço para negociação, ainda há lugar para o exercício de uma sabedoria que impeça a prevalência de interesses particulares, proteja as aspirações legítimas de todos e salve o mundo da loucura e dos horrores da guerra”, disse o responsável, numa declaração difundida pela sala de imprensa da Santa Sé.

Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República de Portugal, em consonância com o Governo, condenou “veementemente a flagrante violação do Direito Internacional pela Federação Russa” e apoiou a declaração de António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, “expressando total solidariedade com o Estado e o povo da Ucrânia”.

A Rússia invadiu a Ucrânia na madrugada desta quinta-feira, 24 de fevereiro, alegando a necessidade de proteger os habitantes das províncias separatistas ucranianas, que reconheceu como independentes. As Nações Unidas, NATO, Estados Unidos da América, Reino Unido e União Europeia, entre outros, condenaram a decisão russa.