Asher Bhatti, um cristão de Nishtar, em Lahore, foi acusado de cometer blasfémia no Paquistão. A acusação contra Bhatti é que ele teria publicado conteúdo ofensivo do islão na rede social Facebook. O caso remonta ao passado dia 16 de setembro, e “gerou agitação na comunidade, levando a tensões crescentes entre grupos religiosos”, conforme relata Lazar Aslam, um padre franciscano capuchinho, num relatório enviado ao 7MARGENS.
Já em entrevista ao nosso jornal no passado mês de junho, o padre Lazar Aslam explicava que o Paquistão “possui um quadro legal que inclui leis rigorosas contra a blasfémia”. Este religioso e ativista dos direitos humanos referia então que “ao longo de décadas, o extremismo religioso no Paquistão cresceu, alimentado por grupos radicais que promovem a intolerância e a violência”.
“Esses grupos, através de um discurso de ódio e propaganda, incitam a violência contra minorias, incluindo cristãos. Entre esses grupos extremistas, destacam-se o Lashkar-e-Tayyiba e o Tehreek-e-Labbaik Paquistão”, contava nessa ocasião Lazar Aslam, que trabalha na arquidiocese de Lahore.
Foi precisamente um membro do grupo político-religioso Tehreek-e-Labbaik Paquistão, Qari Muhammad Ali, quem veio agora “exigir a detenção imediata de Asher Bhatti”. Esta exigência foi acompanhada por uma manifestação que juntou vários grupos fundamentalistas, no passado dia 26 de setembro. Os protestos iniciaram-se em frente à casa de Asher Bhatti, e levaram ao bloqueio de uma estrada principal, “causando grande perturbação da ordem pública”, disse o padre Aslam.
O capuchinho refere ainda os efeitos imediatos na vida dos cristãos daquela região: “Muitos cristãos locais foram obrigados a abandonar as suas casas, tornando-se deslocados e vivendo num estado de medo e insegurança. Atualmente, a situação na zona permanece incerta, e muitas famílias ainda têm medo de regressar às suas casas”, diz ao 7MARGENS.
Com o objetivo de “evitar possíveis ataques”, a polícia paquistanesa decidiu fechar no passado dia 28 de setembro as igrejas da área onde os protestos ocorreram. Apesar dessas medidas de precaução, uma Igreja Evangélica Cristã, “foi atacada e apedrejada”, conta o padre ativista.
“Condenamos veementemente o alegado ato de blasfémia de Asher Bhatti, que criou agitação e colocou em risco a coexistência pacífica”, refere o padre paquistanês. Lazar Aslam pede às autoridades que “tomem as medidas legais adequadas contra o acusado, de acordo com a lei”, que “garantam a segurança e a proteção de todas as famílias cristãs inocentes”, e “evitem uma maior escalada, mantendo a lei e a ordem rigorosas”.
O padre Aslam expressa também o seu agradecimento pela “intervenção oportuna [das forças de segurança] para evitar violência em grande escala”, e refere que este incidente “reflete a situação frágil enfrentada pelas comunidades minoritárias no Paquistão”.








