Um dos elementos mais importantes para que a missão dos cristãos em geral, e dos missionários e missionárias em particular, seja bem-sucedida é a inculturação. Todos os batizados são convidados a entrar na cultura do Evangelho, e quem vai em missão, é convidado a entrar na cultura e no coração do povo que o/a acolhe.
Dizia São José Allamano: “Os missionários, para terem sucesso no apostolado, devem aprender bem a língua local. É por isso que eu insisto tanto para que aproveiteis bem todo o tempo livre para estudar.” Estas palavras estão inseridas no contexto do início do século XX, quando da Europa partiam milhares de missionários para outros continentes, mas continuam a ser válidas nos nossos dias.
A preocupação de São José Allamano ia além da aprendizagem das línguas locais: ele sempre pediu a todos os seus missionários e missionárias que entrassem, acima de tudo, no coração dos povos aos quais eram enviados. Ou seja, pedia que respeitassem as tradições, valores e costumes das populações locais, para depois poderem, com a catequese e outras dimensões da evangelização, contribuir para que o Evangelho entrasse também na cultura, na mente e no coração desses povos.
Partindo da minha própria experiência de entrar na cultura de um povo completamente diferente – o da Coreia do Sul – considero que a inculturação passa pelo seguinte processo: abertura mental e afetiva para acolher as diferenças como dom e oportunidade para crescer enquanto ser humano e cristão; compreender a história e os porquês das tradições e costumes; aprender a língua local, começando pela linguagem da amizade e respeito pela diversidade; não impor a própria cultura, mas deixar-se guiar pela cultura do Evangelho, tendo as mesmas atitudes e sensibilidade que tinha Jesus para com todos, incluindo os que não eram judeus como ele; e, finalmente, querer aprender sempre mais sobre o povo que nos acolhe, para conseguir ser, a pouco e pouco, “um membro dele/s”.
Agradeço sempre pela experiência vivida lá do outro lado do mundo, pois consegui, de forma bastante razoável, entrar na cultura e no coração daquele povo. Daí acreditar cada vez mais que, em primeiro lugar, a cultura que deve mover-nos a todos é a do Evangelho, pois os seus valores promovem e dignificam cada ser humano, onde quer que esteja e quem quer que seja.








