O Dia Mundial da Saúde Mental celebra-se esta sexta-feira, dia 10 de outubro. A médica psiquiatra Maria João Heitor explica que “a saúde mental não é apenas a ausência de doença, mas sim um estado de bem-estar global, em oposição ao sofrimento psicológico”. Na minha opinião, a saúde mental, que tem sido ao longo dos últimos anos o parente pobre da saúde em Portugal, tem vindo, felizmente, a sofrer uma evolução positiva, com a implementação de algumas políticas de saúde, que permitiram que os pacientes fossem melhor acompanhados no seu domicílio e houvesse uma maior integração dos mesmos em centros de intervenção e ocupação social e comunitária.
No entanto, persiste ainda a falta de espaços e pessoal qualificado, para que o tratamento e acompanhamento destes doentes possam ser considerados excelentes. É também manifestamente evidente a falta de apoio que os doentes psicóticos e as suas famílias apresentam. Urge a necessidade de serem criados espaços de tratamento com terapia ocupacional para que os mesmos possam ser devidamente acompanhados e protegidos.
Se a problemática das depressões e do burnout têm marcado os últimos anos, levando ao absentismo laboral, ao empobrecimento, e consequente aumento da taxa de divórcios, hoje atendemos cada vez mais casos de burnon em que os pacientes não podem “dar-se ao luxo” de ficarem de baixa laboral, porque não têm como pagar as despesas mensais. Surgem também, cada vez mais casos e cada vez mais cedo, de perturbações obsessivo-compulsivas e de adições ao jogo patológico, consequência do consumo excessivo das “máquinas” e das redes sociais.
A ansiedade generalizada e os ataques de pânico começam a ser diagnósticos recorrentes, e até mesmo vulgarizados, consequência de uma vida vivida num ritmo muito acelerado, onde o paciente não tem tempo para si, para a prática física, para a família, os amigos e os hobbies, que tão bem nos fazem. Vive-se uma vida à pressa e depressa, sem ter a noção de que não vamos acrescentar nem um segundo a mais a esta vida que nos foi dada a viver.
Claro que o comportamento dos adultos interfere diretamente no modo como as crianças vivem e percecionam o seu mundo. Hoje encontramos cada vez mais crianças muito inteligentes, egoístas e impacientes. O fenómeno do bullying escolar é muitas vezes notícia, revelando a falta de empatia e de camaradagem nas nossas crianças.
Não é só a saúde mental que necessita de melhorar em Portugal. A família também está enferma. São necessários mais esforços por parte de todos: dos sistemas político, educativo, judicial, de saúde e também religioso. Devemos trabalhar em conjunto, para que esta célula, que é a família, seja munida de todas as condições necessárias para sobreviver e triunfar num mundo cada vez mais imprevisível e acelerado.








