As violações contra a liberdade religiosa são “uma realidade para centenas de milhões de pessoas em todo o mundo” e a situação continua a piorar, alerta Marta Petrosillo, editora-chefe do “Relatório liberdade religiosa no mundo”, da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). Este trabalho de investigação foi publicado pela primeira vez em 1999, é lançado a cada dois anos, e a nova edição é conhecida esta terça-feira, dia 21 de outubro.
“Desde o seu o início, a situação tem piorado e, infelizmente, essa deve ser a tendência para a próxima edição, principalmente em algumas regiões do mundo”, lamenta a profissional, que deixa mais uma advertência: “Se a liberdade religiosa for negada a um grupo, mais cedo ou mais tarde, também será negada a outros”, refere Marta Petrosillo, que sublinha que, para a Fundação AIS, “é importante que a liberdade religiosa seja garantida igualmente a todos”.
Em entrevista, esta responsável faz referência aos pontos do mundo onde se registam os casos mais preocupantes. “Um dos continentes onde a situação, especialmente nas últimas décadas, realmente piorou é África, onde vemos um crescimento significativo do extremismo religioso. Vemos muitos grupos jihadistas a cometer mais ataques, inclusive em países onde as relações inter-religiosas não eram um problema.”
Num país de maioria cristã como a República Democrática do Congo, onde historicamente não existiam problemas entre comunidades religiosas, deu-se recentemente “um grande ataque contra fiéis cristãos”, onde cerca de 40 pessoas foram mortas numa igreja na localidade de Komanda. “Isso é definitivamente algo que se está a espalhar por muitas partes de África e tende a espalhar-se de um país para outro.” Há dez anos, o Burkina Faso “não estava entre os países mais preocupantes, mas hoje em dia é, infelizmente, um dos lugares do mundo onde mais ocorrem ataques jihadistas”.
Já no continente asiático verifica-se também um “agravamento da situação do nacionalismo étnico-religioso”, e o Oriente Médio continua a ser “uma área com instabilidade significativa, o que também afeta fortemente a liberdade religiosa”. Na América Latina, assiste-se também a um “aumento crescente de violações da liberdade religiosa”.
Marta Petrosillo deixa um apelo para todas as pessoas que se afligem com esta realidade e que gostariam de fazer algo em prol da liberdade religiosa: “Não percam a oportunidade de defender [a liberdade religiosa], a nível local e nacional, de qualquer forma que puderem. Porque a liberdade religiosa é um direito humano, mas também uma responsabilidade partilhada. E cabe a cada um de nós tornar possível que esse direito humano tão importante seja garantido de forma igual em todos os lugares.”








