Tiago Diniz na “Sala de brincar” da área pediátrica do Hospital de São João | Foto: DR

Como é que o voluntariado surgiu na tua vida?
Desde cedo que ajudar os outros me fazia feliz. Tive a sorte de fazer parte do grupo Jovens Missionários da Consolata e ouvia os testemunhos de missionários. Isso fez crescer em mim o desejo de fazer algo assim. Fiz voluntariado três anos na Tanzânia. Quando voltei a Portugal, senti que a minha missão não podia ficar por ali, e que tinha de arranjar forma de continuar a fazer algo no Porto, onde vivo. Comecei à procura de locais onde pudesse ser voluntário. Ao pesquisar, vi que estavam abertas as inscrições para ser voluntário da Fundação Ronald MacDonald. Inscrevi-me e chamaram-me para uma entrevista, onde a responsável da fundação me sugeriu ser voluntário na “Sala de brincar” da nova área pediátrica do Hospital de São João.

Como foi a relação com crianças e pais?
A ligação que íamos criando ensinou–me muitas coisas. Embora, na maior parte das vezes, as crianças nem se lembrassem que estavam doentes quando estavam connosco – e que bom que era, pois esse era o nosso objetivo – animar os pais era a tarefa mais difícil. Muitas vezes, ouvi-los, dar-lhes um abraço, puxar-lhes uma gargalhada, era a forma que arranjávamos para os animar. Ouvir o testemunho deles ajudou-me a ver a vida numa perspetiva diferente. A força e a fé deles, ainda hoje são uma inspiração para mim.

Viste Deus naquele hospital?
Senti Deus no exemplo de vida de muitas crianças e pais. Vi pessoas que, quando saíram do hospital, se inscreveram como voluntárias para serem, elas também, consolação para outros. É maravilhoso ver como Deus trabalha em cada um de nós, e nos dá essa força e coragem para sermos seus instrumentos de alegria e consolação.

O voluntariado transformou a tua vida?
Sim. A alegria daquelas crianças, perante todas as dificuldades, ensinou-me que nunca devemos perder a esperança. As conversas com os pais fizeram-me perceber que a vida dos nossos familiares é mais importante que qualquer trabalho, e que devemos viver ao máximo este fantástico dom da vida que Deus nos deu. Aprendi que muitas vezes é nestes momentos mais difíceis que encontramos Deus, e que toda a fé é mais bela e maior quando partilhada. Deus fala-nos de muitas formas e maneiras, e aqui neste voluntariado, tive a graça de ver Deus de diferentes maneiras, em várias famílias.