Se houvesse dúvidas, os mais recentes dados da SIPRI (Instituto Internacional de Investigação sobre a Paz, de Estocolmo) demonstram-no: não há crise na indústria do armamento e o chamado complexo militar-industrial vai de vento em popa.
Num documento de síntese divulgado nos últimos dias em vários idiomas, com dados relativos ao ano de 2004, aquele Instituto revela que o volume de negócios dos 100 maiores produtores de armamento “disparou”, registando em média um crescimento de cerca de 6 por cento, em comparação com 2023. As vendas de armas e de serviços de natureza militar atingiram um montante recorde de 679 mil milhões de dólares americanos.
Segundo a SIPRI, entre os fatores que estimularam o “forte crescimento”, encontram-se os conflitos na Ucrânia e em Gaza, mas também “as tensões geopolíticas mundiais e regionais”, assim como “o aumento constante das despesas militares”.
Os dados disponíveis mostram que o crescimento deste setor entre 2023 e 2024 é generalizado nas várias regiões do mundo que figuram no top 100, embora o peso maior se centre na Europa e Estados Unidos. Da centena de firmas que figuram no ranking, apenas um quinto registaram decréscimo de receitas. Neste último caso encontram-se várias das empresas chinesas, o que se terá ficado a dever, segundo um especialista da SIPRI, a “numerosas alegações de corrupção” no setor do armamento chinês, que terão originado “adiamentos e mesmo anulações” de importantes contratos.
Na Europa, as 26 empresas de armamento que figuram no top 100 viram as receitas subir 13 por cento de 2023 para 2024 (151 mil milhões de dólares), dada a procura potenciada pelo apoio à Ucrânia e pela política adotada em resultado da perceção da ameaça russa. Foi neste continente que se verificou um caso singular, de uma empresa que viu as receitas registare a maior progressão (193 por cento): tratou-se da Czechoslovak Goup, da república Checa.
Apesar das sanções e da falta de mão de obra qualificada, as duas empresas russas que integram o ranking viram também o seu volume de negócios crescer 23 por cento, em resultado da procura interior.
Um dado a ter em conta: a empresa norte-americana Space X, de Elon Musk, surge pela primeira vez neste ranking da SIPRI na posição 77ª, com um volume de negócios de 1.800 milhões de dólares em 2024, mais do dobro do ano anterior. Foi o segundo maior salto para cima, de entre as empresas listadas.
Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.







