O padre Luciano Cristino, durante uma homenagem que lhe foi prestada em 2017. Foto: Direitos reservados.

Luciano Coelho Cristino, um dos principais dinamizadores e responsáveis da edição crítica dos documentos dos primeiros anos da história de Fátima, morreu sexta-feira, 28 de Novembro, na Casa Diocesana do Clero de Leiria-Fátima, anunciou o Santuário de Fátima. O padre Cristino tinha 87 anos e o seu funeral foi no sábado. 

Enquanto responsável do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário, Luciano Cristino foi um dos principais impulsionadores da publicação da Documentação Crítica de Fátima (DCF), obra que conta com 16 volumes. 

“Era uma pessoa que sabia imenso, mas que não aparentava ter confiança no que sabia, talvez pela pressão do cargo”, diz ao 7MARGENS Margarida Amaral Santos, que com ele trabalhou quatro anos, entre 1988 e 1992, enquanto investigadora da Universidade Católica para colaborar na publicação dos volumes da DCF. “A sua imagem era a de uma pessoa formal, distante, reservada, mas de um grande e bom coração e um poço de sabedoria”, acrescenta. 

Luciano Cristino nasceu em Maceira, freguesia do concelho de Leiria, em 26 de Setembro de 1938, vindo a interessar-se pela História desde cedo, lê-se na notícia divulgada pelo Santuário. 

Em 2017, numa homenagem prestada pelo Santuário, o reitor da instituição referia-se ao responsável pela investigação histórica como a “memória viva de praticamente meio século de existência do Santuário”. Acrescentou o padre Carlos Cabecinhas: “Pode-se dizer, sem exagero, que a sua vida se funde, de algum modo, com a história deste último meio século de Fátima.”

Cinco anos antes, na missa dos 50 anos de ordenação do padre Luciano Cristino, o então bispo de Leiria-Fátima, António Marto, afirmava que o padre Cristino tinha cuidado “do carisma, da memória do seu passado e também do seu futuro, porque o futuro assenta nas raízes do passado”. 

No texto já citado, recorda-se que o seu interesse pela história nasceu por causa de umas ruínas romanas por onde passava no trajecto que fazia para a catequese, como contava numa entrevista à Voz da Fátima, jornal do Santuário. Em 1939, com menos de um ano, foi pela primeira vez à Cova da Iria ao colo dos pais, Manuel Coelho Cristino e Maria Rosália. Ordenado no Mosteiro da Batalha em 1962, foi ainda nesse ano estudar na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, onde se licenciou em Teologia Dogmática e História Eclesiástica. 

Luciano Cristino acompanhou em Roma a realização do II Concílio do Vaticano e já estava de novo em Portugal quando o Papa Paulo VI visitou Fátima, nos 50 anos dos acontecimentos que ali tiveram lugar. Licenciou-se a seguir, em Coimbra, em História e, em 1974, por indicação do bispo João Pereira Venâncio, foi trabalhar no Santuário, na edição crítica dos documentos dos primeiros tempos de Fátima, na altura ainda em colaboração com o padre espanhol Joaquín Maria Alonso. Em 1976, ficou responsável pelo Serviço de Estudos e Difusão, que dirigiu 37 anos até 2013. 

Texto redigido por António Marujo/jornal 7Margens, ao abrigo de uma parceria com a Fátima Missionária.