Na Cisjordânia, recrudesceram os ataques dos colonos aos agricultores palestinianos. Foto © UNRWA

No momento em que o Conselho de Segurança da ONU votou na última segunda-feira, 17 de novembro, uma resolução favorável ao envio de uma força temporária internacional de estabilização, na Faixa de Gaza, a situação humanitária estava complicada no território, depois de chuvas fortes terem inundado vários campos em que a população montou as suas tendas e lonas. Por sua vez, na Cisjordânia, recrudesceram os ataques dos colonos aos agricultores palestinianos e às suas colheitas.

O texto da resolução do Conselho de Segurança registou 13 votos a favor e nenhum contra, tendo-se abstido os membros permanentes China e Rússia. O chamado Plano de 20 pontos, inicialmente apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, recebeu o endosso daquele órgão da ONU.

A resolução também saúda o estabelecimento de um Conselho de Paz (CP) “como uma administração de transição” em Gaza, que coordenará os esforços de reconstrução, bem como a constituição de um órgão executivo de caráter “tecnocrático”.

As tarefas mais urgentes são o restaurar da segurança; a garantia do fluxo normal da ajuda humanitária; o início de um processo sustentado de reconstrução; e a reforma institucional para o enclave. A deposição das armas por parte do Hamas, também prevista no plano de Trump, já foi recusada pela organização, pelo menos enquanto as forças armadas israelitas não abandonarem o território palestiniano, enquanto, por outro lado, Netanyahu não se cansa de repetir que nunca aceitará um estado da Palestina. Estas posições mostram que o processo não vai ser fácil nem rápido.

Enquanto, de forma lenta, parecem estar a ser dados passos na Faixa de Gaza, com o periclitante cessar-fogo e a chegada, ainda longe de estabilizada, do auxílio humanitário, a situação na Cisjordânia agrava-se de dia para dia, tendo recrudescido desde que Trump anunciou o seu plano de paz.

A ONU refere ter registado, só em outubro, mais de 260 ataques de colonos na Cisjordânia, de que resultaram vítimas palestinas e danos materiais, nomeadamente na colheita da azeitona, que é feita nesta quadra do ano. “Trata-se do maior número mensal desde que a organização iniciou o monitoramento, em 2006”, sublinha uma notícia dos últimos dias, do diário The Guardian.

Na Faixa de Gaza, as fortes chuvas que caíram no último dia 14 de novembro causaram graves inundações, especialmente na cidade de Gaza e no norte da Faixa, afetando mais de 13.000 famílias, segundo um relatório divulgado domingo, 16, pelo Serviço de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA, na sigla em inglês) .

A chuva agravou os danos que já se registavam nos sistemas de drenagem, destruiu milhares de tendas e interrompeu as atividades humanitárias, o que levou as ONG que estão no terreno a apostar na mitigação das inundações e no fornecimento de abrigos de emergência, tendo em conta os rigores do inverno que se aproxima.

Segundo o relatório, a cobertura de saúde está a expandir-se, tendo o número de pontos de atendimento de saúde subido de 197 em outubro para 219, no último fim de semana. A prioridade tem sido a distribuição de lonas, cobertores e tendas, e, naturalmente, de alimentos, materiais de higiene e saúde.

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.