Após alguns meses de calma, uma nova onda de ataques da parte de grupos jihadistas irrompeu no Burkina Faso, em particular nas dioceses de Nouna e Fada N’Gourma, situadas na região este do país africano. Só nas últimas semanas, há registo de dezenas de mortos e inúmeros sequestros entre a comunidade de cristãos, que vive em estado de alerta permanente.

A denúncia foi feita segunda-feira, 3 de novembro, pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). A organização tem estado em contacto com “fontes locais, cuja identidade é preservada por razões de segurança”, as quais informaram que, apesar dos esforços do exército e de uma milícia (os Voluntários para a Defesa da Pátria), a situação tem vindo a piorar.

A 6 de outubro, na diocese de Nouna, três adolescentes que regressavam do Mali para o início do ano letivo foram retirados de um autocarro e baleados. O incidente ocorreu na paróquia de Djibasso, em Madouba, perto da fronteira.

Horas depois desse incidente, veículos que circulavam na estrada de Nouna para Dédougou foram também alvejados. Pelo menos 15 pessoas foram mortas, incluindo vários paroquianos de Solenzo, que viajavam num autocarro atingido pelos disparos.

Ainda no mesmo dia, na diocese de Fada N’Gourma, um catequista da comunidade de Kouala foi sequestrado durante a missa dominical. Ele foi especificamente visado. O objectivo é espalhar o medo entre os cristãos. Às vezes, os cristãos são autorizados a rezar, mas rapidamente podem ser vítimas de abusos, para os obrigar a fugir”, disse uma das fontes locais citada pela Fundação AIS Internacional. De acordo com informações recolhidas pela AIS, o catequista já terá sido libertado.

Alguns dias antes, a 21 de setembro, na mesma diocese, outro catequista, pertencente à comunidade de Saatenga, foi assassinado numa emboscada quando regressava de uma reunião pastoral.

De acordo com informações recebidas pela AIS Internacional, as estradas da região estão cada vez mais perigosas, embora os terroristas circulem em grupos mais pequenos, por razões ainda desconhecidas.

E neste momento, embora “muitos cristãos tenham decidido correr o risco de permanecer, apesar das ameaças cada vez mais graves em algumas partes da diocese, o medo tomou conta da população civil”, diz uma fonte local.

Na mais recente edição do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicada no passado dia 21 de outubro, a Fundação AIS chama a atenção para a situação no Burkina Faso, onde os ataques de grupos jihadistas ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico já causaram mais de 20 mil mortes e mais de dois milhões de deslocados.

Só em 2024, o país foi responsável por uma em cada cinco mortes relacionadas com o terrorismo em todo o mundo, com 1.532 pessoas assassinadas. A violência também causou a morte ou o sequestro de dezenas de líderes religiosos, bem como o encerramento de cerca de 30 paróquias. Quase metade do território do Burkina Faso está atualmente sob o controlo de grupos armados, que ameaçam tanto cristãos como muçulmanos.

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.