O mês de outubro é, na Igreja Católica, tradicionalmente dedicado às missões. Quando se fala em missões, a maioria dos cristãos pensa imediatamente naqueles que deixam a sua terra e partem para outros países, sobretudo para os que são ainda pouco evangelizados. Porém, o conceito de missão tem sofrido alterações com o passar dos tempos: por exemplo, hoje fala-se em missão dentro das nossas fronteiras. Ao mesmo tempo, vemos que é cada vez mais notória e significativa a presença de missionários oriundos de África, das Américas e até mesmo da Ásia: receberam o dom da fé, e agora partilham-na com quem os evangelizou. Este dinamismo da fé é importante, precisamente porque a missão acontece em todo o lado.
Antes de eu partir em missão para a Coreia do Sul, em 1996, já então se falava da reevangelização da Europa. Ou seja, o continente europeu já era visto nessa altura como uma “terra de missão”. Na verdade, sempre o foi, tal como o são todos os países que foram evangelizados no passado, porque o chamado “processo de secularização”, ou seja, a diminuição da presença e do impacto da fé no mundo, incluindo da Igreja Católica, continua a manifestar-se cada vez mais. No entanto, mesmo assim, todos escutam o que o Papa tem a dizer, crentes e não crentes, e crentes de outras Igrejas e religiões, porque, apesar de tudo, os valores do evangelho são os que podem curar as muitas doenças que afligem a humanidade, porque promovem o ser humano no seu todo.
A missão pertence, como sempre pertenceu, a todos os batizados, porque a missão de dar continuidade ao anúncio do Evangelho, acontece, sobretudo, com atos concretos de amor que promovem o próximo. Com o batismo, “tornamo-nos membros de Cristo rei, profeta e sacerdote”. Como tal, toca a todos e cada um de nós, no seu ambiente, nas suas relações humanas, e nas suas formas de viver a fé, anunciar Cristo em nós (somos profetas), oferecendo a nossa vida como dom que Deus quer partilhar com muitos (somos sacerdotes) e servindo os mais necessitados de Deus, com humildade, afeto e empatia (somos reis/rainhas).
Outubro é o mês que nos convida a recordar e a fortalecer a nossa verdadeira identidade: somos filhos e filhas de Deus, ou seja, irmãos e irmãs uns dos outros. É no viver a vida com amor e para o amor, que o reino de Deus passa a existir no hoje das nossas vidas, e não apenas numa promessa sobre o que acontece depois da morte, com a Ressurreição prometida por Cristo.








