Na manhã de domingo, 27 de abril, tive a oportunidade de acompanhar um grupo de jornalistas até à Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, para visitar o túmulo de Francisco. A sua escolha de ser sepultado longe dos palácios vaticanos carrega uma marca clara: trazer a periferia para o centro, uma das marcas do seu pontificado.
Francisco terminou a sua vida como a viveu: no meio do povo, saudando a multidão no domingo de Páscoa. Ele pôs os pobres, a ecologia, os migrantes e a inclusão no centro da Igreja. Não se cansou de pedir o fim das guerras e um mundo de paz.
Pediu, no seu testamento, para ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, um antiquíssimo santuário Mariano, onde se dirigia para rezar no início e no fim de cada viagem apostólica. No seu testamento, o Papa Francisco escreveu – “O túmulo deve ser no chão, sem decoração especial e com uma única palavra: Franciscus.” Atendendo ao seu desejo, o túmulo foi preparado no nicho do corredor lateral entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza da mesma Basílica Papal.
Em declarações ao portal online UOL, prestei o seguinte testemunho que agora repito – “O Papa Francisco deixou espaço livre no Vaticano para o próximo Papa. Mais do que um príncipe, foi um servo, um pastor. Sempre coerente: escolheu Francisco como nome e como vida. Francisco terminou a sua vida como a viveu: no meio do povo, saudando a multidão no domingo de Páscoa. Ele pôs os pobres, a ecologia, os migrantes e a inclusão no centro da Igreja, inclusive a inclusão das mulheres e das pessoas LGBT. No passado dia 27 de janeiro, apertei a sua mão e pedi uma bênção no meu aniversário. Ele deu-me um terço que carrego até hoje. Durante os seus dias finais no hospital, eu rezava segurando esse terço. Francisco ensinou-nos que a misericórdia é para todos. Tal como disse o cardeal Giovanni Battista Ré, se antes Francisco pedia nossas orações, hoje somos nós que pedimos – ‘Francisco, reza por nós’”.