Coreia do Norte é o país do mundo mais repressivo da fé cristã | Foto: Lusa

Em todo o mundo, um em cada sete cristãos foi, no ano passado, perseguido e discriminado no seu país, o que significa que 380 milhões de cristãos não podem revelar ou celebrar a sua fé. As situações mais duras acontecem na Ásia, continente em que dois em cada cinco cristãos são objeto de níveis altos ou extremos de perseguição por causa da sua fé. Estas realidades são reveladas no relatório World Watch List da organização internacional Open Doors divulgado no dia 16 de janeiro.

A repressão aos que professam a fé cristã tem vindo a aumentar de forma generalizada, calculando a Open Doors que em 2024 terão sido mortas, em todo o mundo, 4.476 pessoas apenas porque se diziam cristãs. A violência expande-se com particular incidência no continente africano, onde um em cada cinco cristãos é sujeito a perseguição. É também em África que a organização situa três (Somália, Líbia e Sudão) dos cinco países em que a repressão é mais extrema, sendo que a Nigéria ocupa o sétimo lugar nesta lista negra. Em todo o continente são agora 21 os países em que se verificam níveis altos, muito altos, ou extremos de perseguição aos cristãos, quando, em 2021, eram 19.

A violência contra as comunidades cristãos originou, de acordo com o levantamento apresentado na World Watch List, a destruição de 7.679 lugares de culto e outros edifícios pertencentes às igrejas e levou à prisão de 4.744 cristãos por razões relacionadas especificamente com a sua fé. Neste capítulo destaca-se a Índia, país em que cristãos 1.629 cristãos foram detidos sem julgamento, presos, sentenciados e encarcerados por seguirem a Jesus, enquanto 547 outros foram condenados à prisão. Práticas que são também recorrentes na Eritreia, no Bangladesh e no Irão, entre outros países.

Na América Latina, enquanto o Governo de prossegue a sua tentativa de exterminar a presença da Igreja Católica no país, a Colômbia caiu 12 posições na lista, passando, num só ano, da 34ª posição para a 46º e a boa notícia é a redução dos assassinatos de cristãos.

Coreia do Norte: o país mais repressor

A Coreia do Norte é o país do mundo mais repressivo da fé cristã, obrigando os 400.000 cristãos que se estima viverem no país a manterem a sua fé numa rigorosa clandestinidade. A Open Doors refere que naquele país asiático “se a fé cristã de alguém for revelada, a pessoa poderá ser morta no local e, se não for morto, será deportado para um campo de trabalhos forçados e tratado como um criminoso político”. E não será apenas o próprio a ser punido “com anos de trabalhos forçados a que poucos sobrevivem”, pois “as autoridades norte-coreanas provavelmente prenderão a família alargada e puni-la-ão também, mesmo que os familiares não sejam cristãos”.

Promulgadas em dezembro de 2020, as ‘leis de pensamento anti-reacionário’ consideram, prossegue o relatório, que “ser cristão ou possuir uma Bíblia é um crime grave severamente punido” e, em consequência, “não há vida religiosa na Coreia do Norte”, país onde “é impossível reunir para adoração, celebração ou oração e mesmo adoração e oração secretas correm grande risco de denúncia”.

Já a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre concluía, no seu estudo Perseguidos e Esquecidos? Um Relatório sobre os Cristãos Oprimidos por Causa da sua Fé 2022-24, que, em mais de 60 por cento dos países analisados, as violações de direitos humanos contra cristãos tinham aumentado quando comparadas com as registadas no período 2020-2022.

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.