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Francisca Marques tem 22 anos, é natural da freguesia de Águas Santas, no concelho da Maia, e este ano foi finalista na licenciatura em Psicologia da Universidade Portucalense Infante Dom Henrique, no Porto. A Kika, como gosta de ser chamada, pertence à família da Consolata há oito anos, integrando o grupo Jovens Missionários da Consolata. É uma presença habitual, quase diária, junto da comunidade local dos Missionários da Consolata.

Em 2019 juntou-se a outros jovens, durante um mês, numa aventura missionária na Tanzânia, que marcou profundamente a sua fé. Há cerca de um ano decidiu inscrever-se na Fundação Allamano como voluntária. Despertou-lhe curiosidade o trabalho desenvolvido pela pequena equipa de funcionários e percebeu que podia contribuir com o seu tempo e saber. Desde então, tem tido um papel muito ativo nas várias atividades que são desenvolvidas pela Fundação Allamano, sobretudo no projeto “De alma… e coração!”, nomeadamente na inserção profissional dos rapazes refugiados, na elaboração do curriculum vitae de cada um, na procura de empresas para os empregar e na preparação das entrevistas de emprego.

A Francisca já acompanhou Ana Correia, assistente social da fundação, ao aeroporto, participando no acolhimento à chegada de alguns migrantes. Também dinamiza atividades lúdico recreativas e desafia outros jovens a participarem em alguns momentos de intercâmbio cultural e animação. A Kika também colabora com a parte digital e desenvolvimento das redes sociais, na recolha de alimentos junto dos parceiros da instituição e na preparação de cabazes para as dezenas de famílias apoiadas.

A Kika é a prova viva de que um voluntário pode exercer um papel fundamental numa instituição, de forma completamente desinteressada e apenas porque acredita nos projetos desenvolvidos, tornando-se sujeito ativo na missão. Pontual e assídua, está sempre disponível para apoiar no que for necessário. A barreira linguística, a sua timidez natural e o facto de ser mulher, foram desafios iniciais, superados pela sua persistência e força de vontade. A jovem afirma que a reciprocidade que sentiu desde o início, por parte de todos os rapazes refugiados, permitiu–lhe enfrentar esses medos – “Sempre me senti muito bem recebida, desde o primeiro momento. Apesar daquele receio inicial de ser mulher, tudo foi ultrapassado pois sempre foram simpáticos e respeitadores”.

Em tom de brincadeira diz que se lhe fizessem a conhecida pergunta – “O que dizem os teus olhos?” – responderia que o seu olhar mostra que tem muito orgulho na Fundação Allamano, que acredita no trabalho desenvolvido e que, sem dúvida, terá muito sucesso. No seu jeito meigo, deseja poder continuar a colaborar com a instituição durante muitos anos, porque o seu principal objetivo é ajudar, sem esperar nada em troca.

Texto: Ana Correia e José Miranda, membros da direção da Fundação Allamano