Crianças caminham por ruas parcialmente destruídas em Jenin, na Cisjordânia. Foto © UNICEF/Alaa Badarneh

Numa carta enviada ao vice-presidente dos EUA, JD Vance, e também à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), pastor Jerry Pillay, expressou “profunda preocupação” com os recentes acontecimentos em Beit Sahour, uma na cidade palestiniana predominantemente cristã localizada perto de Belém e conhecida mundialmente pelo Campo dos Pastores bíblico.

De acordo com informações que foram partilhadas connosco e corroboradas por observadores independentes de direitos humanos, as autoridades israelitas e os colonos mobilizaram-se para estabelecer um posto avançado na área de Osh Ghurab, um espaço público de lazer usado há muito tempo pelos 15.000 moradores de Beit Sahour”, escreveu Pillay, acrescentando que  “essa área — que faz parte da Área C e é supervisionada por um posto militar israelita — serve como o principal espaço público para crianças, famílias e vida comunitária.”

Pillay observa nas cartas que a construção de um assentamento neste local equivale a um ato de desapropriação e efetivamente separaria Beit Sahour da sua fronteira oriental. Além do impacto geográfico imediato, este empreendimento levanta sérias preocupações de proteção”, diz o texto.  A Cisjordânia tem vivenciado uma escalada documentada na violência de colonos, incluindo agressões, intimidação e destruição de propriedade.”

Esta construção também contradiz o consenso internacional de longa data sobre o status do território ocupado e mina as perspectivas de uma paz justa, denuncia Pillay.  Como um dos maiores órgãos ecuménicos do mundo, representando igrejas em mais de 120 países, o CMI está profundamente preocupado com o facto de esse desenvolvimento ameaçar a presença e a continuidade de uma comunidade cristã histórica e criar novos obstáculos à paz, à justiça e à estabilidade na Terra Santa”, pode ler-se na missiva.

Pillay insta Vance e von der Leyen a intervirem para garantir a paralisação imediata da construção do novo assentamento em Osh Ghurab; a defenderem o direito internacional e os compromissos existentes relacionados com os assentamentos e a proteção de civis em território ocupado; e a apoiarem os esforços que salvaguardem as condições de vida, a dignidade e o futuro dos palestinianos cristãos e muçulmanos em Beit Sahour e na região mais ampla de Belém.

O CMI permanece comprometido em trabalhar com todos os parceiros globais — políticos, diplomáticos e religiosos — para garantir um futuro em que as comunidades da Terra Santa possam viver em paz, dignidade e igualdade de direitos”, conclui Pillay em ambas as cartas, deixando um apelo concreto a ambos os líderes políticos: Solicitamos a sua atenção imediata a esta questão urgente e o seu envolvimento ativo para evitar uma maior deterioração da situação no terreno”.

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.

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