Sete beatos foram canonizados pelo Papa Leão XIV, na Praça de São Pedro, no Vaticano, no passado dia 19 de outubro, data em que se assinalou o Dia Mundial das Missões. Para que a santidade destes sete fosse reconhecida, teve de ficar provado que viveram de forma muito próxima de Deus. O processo envolveu várias etapas: primeiro, foram proclamados servos de Deus, depois veneráveis, a seguir beatos, e agora santos. Para que tenham sido considerados beatos e santos tiveram de ser reconhecidos milagres atribuídos à sua intercessão, exceto no caso de martírio, pois este já é considerado uma prova suprema de fé.

A fé e o martírio
Do grupo de canonizados faziam parte dois mártires, sendo que um deles se tornou no primeiro santo nativo de Papua-Nova Guiné. Trata-se de Peter To Rot (1912-1945), que foi preso por exercer a sua atividade como catequista e por defender o matrimónio cristão contra a poligamia permitida durante a ocupação japonesa, em plena Segunda Guerra Mundial. Durante a sua detenção levada a cabo pelas forças japonesas, foi-lhe injetado um suposto medicamento e administrado um xarope, alegadamente para tratar uma constipação. No entanto, essas substâncias provocaram-lhe ânsia de vómito, e o médico da prisão impediu-o de expelir, cobrindo-lhe a boca, o que resultou em asfixia. Este ato foi reconhecido como martírio.

Outro dos mártires canonizados foi Ignazio Choukrallah Maloyan (1869-1915), um arcebispo arménio católico de Mardin (Turquia). Com o início da Primeira Guerra Mundial, os arménios residentes na Turquia foram alvo de um genocídio sistemático. Ignazio fez parte de um grupo de católicos arménios capturados pelos soldados turcos. Durante a detenção, este arcebispo foi torturado e morto com um tiro na nuca por se recusar a abandonar a fé cristã e a converter-se ao islão.

Primeiros santos venezuelanos
Durante a Eucaristia no Vaticano, foi também reconhecida a santidade dos dois primeiros santos venezuelanos – José Gregorio Hernández Cisneros (1864-1919) e María del Monte Carmelo Rendiles Martínez (1903-1977).
José era um católico devoto e ficou conhecido como o “Médico dos pobres”. Ele dedicou a sua vida a tratar gratuitamente doentes carenciados.

María nasceu sem o braço esquerdo, o que a levou a enfrentar diversos preconceitos. Apesar das contrariedades, conseguiu fundar a congregação das Servas de Jesus, e dedicou-se às venezuelanas socialmente excluídas. O milagre da sua beatificação envolveu a recuperação inexplicável de uma médica com um problema num braço.

A bondade de três italianos
O Papa canonizou também Vincenza Maria Poloni (1802-1855), uma religiosa que fundou o Instituto das Irmãs da Misericórdia de Verona, e que dedicou a sua vida aos mais débeis. Contraiu cólera enquanto cuidava de doentes que padeciam dessa doença. Faleceu aos 53 anos, depois de enfrentar um tumor. Deixou um legado de caridade e compaixão.

Leão XIV reconheceu também a santidade de Maria Troncatti (1883-1969), uma religiosa ligada à congregação das Filhas de Maria Auxiliadora. Maria foi enfermeira na Primeira Guerra Mundial, e mais tarde foi enviada como missionária para o Equador, onde trabalhou quase 50 anos com a tribo Shuar, na floresta amazónica. Ficou conhecida como a “médica da selva”. Morreu num trágico acidente de avião durante uma missão no Equador.

Durante a cerimónia no Vaticano foi ainda canonizado Bartolo Longo (1841-1926), um advogado que se converteu ao catolicismo, e que fundou o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, em Itália. Bartolo Longo dedicou a sua vida a realizar obras de caridade e foi um dos grandes divulgadores da oração do rosário.