Agostinho Barbosa | Missionário da Consolata .

Estamos habituados, crentes e até não crentes, a pensar nos santos e tradições, assim que se fala em santidade. Todos os santos têm um altar ou um outro local próprio, dentro ou fora das catedrais, igrejas, capelas e santuários, bem como nos altares domésticos de muitas famílias. Porém, o convite que Deus faz à santidade é dirigido a todos. Isto implica olhar para a santidade com uma perspetiva mais abrangente, começando pela cronologia: ou seja, os santos não são só pessoas do passado, mas estão também presentes e vivos entre nós, no tempo atual.

Curiosamente, o Papa é chamado Santo Padre, não por ter sido canonizado pela Igreja oficial, mas por ser o sucessor de São Pedro. Depois, convém recordar que santidade e perfeição são duas coisas diferentes, pois perfeito só Deus é. Sendo assim, convém recordar uma das definições do que é um santo, para ficarmos com uma perspetiva mais abrangente da santidade: “Um santo é um amigo de Deus”. Mas não só. Se “é um amigo de Deus,” é um amigo do próximo, pois é neste que Deus se encontra presente de forma visível e ativa.

Sendo os santos pessoas que intercedem por nós junto de Deus, bem como modelos de fé e de amor, podemos facilmente identificar muitas pessoas nossas conhecidas como santas, mesmo que não no tradicional sentido da palavra. E porquê? Que caraterísticas têm elas para as considerarmos como tal? Em primeiro lugar, são pessoas que vivem não só para si, mas sobretudo para o próximo, fazendo da sua vida um dom e uma manifestação da fidelidade e do amor de Deus para com muitos outros: podemos pensar em tantos pais e amigos que Deus coloca na nossa vida, precisamente porque são modelos de uma fé viva e de um amor fiel.

Em segundo lugar, são pessoas que fácil e naturalmente criam empatia com o próximo, sobretudo com quem sofre, colocando-as no topo da lista das suas prioridades. Vêm-me à mente muitos cuidadores informais, profissionais de saúde, bombeiros e tantos outros que, muitas vezes, se sacrificam por amor, sendo capazes de dar a própria vida para que outros vivam. Em terceiro lugar, os santos são os que transformam a fé em gestos concretos de amor, porque não é suficiente dizer que se tem fé em Deus enquanto se ignoram as Isabéis e os Lázaros que de vez em quando nos aparecem na vida. Como tal, aceitemos o desafio da santidade que Deus nos coloca diariamente.