Uma ex-criança soldado de Serra Leoa, hoje um jovem, pediu medidas concretas aos participantes da conferência internacional “Libertemos as crianças da guerra” que decorre em Paris
Uma ex-criança soldado de Serra Leoa, hoje um jovem, pediu medidas concretas aos participantes da conferência internacional “Libertemos as crianças da guerra” que decorre em ParisGostava de ver os assuntos resolvidos,afirmou Ishmael Beah, de 26 anos, que começou a matar com 12 ou 13 anos. Naquela fase da minha vida, atirar contra quem quer que fosse tornou-se numa coisa tão fácil como beber um copo de água, disse aos participantes da conferência organizada pelo Fundo da Organização das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela França.
Mais do que um crime de guerra, a existência de crianças soldados é uma bomba-relógio que ameaça a estabilidade e o crescimento de África e de outras regiões, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros francês.
acabar com este drama é o objectivo desta iniciativa que terminará com a adopção dos Compromissos de Paris por parte dos estados participantes. Estes comprometer-se-ão a pôr fim à utilização ilegal e inaceitável das crianças nos conflitos armados, adiantou Philippe Douste-Blazy.
Na reunião também serão apresentados os Princípios de Paris, que actualizam os Princípios do Cabo adoptados em 1997 numa reunião naquela cidade sul-africana e que devem assentar numa definição mais estrita da criança soldado.
Numa altura em que o Tribunal Penal Internacional se prepara para julgar o líder rebelde Thomas Lubaga Dyilo, do Congo, por recrutar menores de 15 anos para as fileiras da guerrilha, os princípios que irão ser adoptados irão permitir programas de protecção, libertação e reinserção das crianças soldados, através da prevenção do recrutamento de menores e elegendo os casos de raparigas como prioridade.
actualmente, calcula-se que existam mais de 250 mil menores recrutados ou utilizados por forças ou grupos armados, essencialmente em África, mas também na Ásia e na Colômbia (pela guerrilha). a proporção de raparigas atinge, em certos casos, 40 por cento segundo dados difundidos na conferência.