Conferências episcopais de Portugal, Suí­ça e Hungria pedem à Igreja e às instituições para intensificarem o trabalho de ajuda aos refugiados e desabrigados. «Que a solidariedade ultrapasse as fronteiras», apelam os bispos europeus
Conferências episcopais de Portugal, Suí­ça e Hungria pedem à Igreja e às instituições para intensificarem o trabalho de ajuda aos refugiados e desabrigados. «Que a solidariedade ultrapasse as fronteiras», apelam os bispos europeusO elevado número de migrantes, que fogem ao terror da guerra, e as precárias condições em que o fazem, tocou também a sensibilidade de responsáveis da Igreja, levando estes a reforçar a exortação no sentido de responder de modo mais humano e eficaz ao drama dos refugiados na Europa. O cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, na carta de abertura do novo ano pastoral convida todas as famílias, comunidades e organizações católicas a acolher o convite do papa Francisco na bula do Jubileu extraordinário Misericordiae Vultus (Rosto de Misericórdia) e a abrir o coração àqueles que vivem nas mais diversas periferias existenciais, a fim dar um testemunho forte e eficaz da misericórdia de Deus.
Manuel Clemente alerta de um modo particular para a situação dramática de milhares de pessoas que tentam chegar à Europa enfrentando dificuldades terríveis em busca da paz e do sustento para si e para as suas famílias. Diz ainda que o problema exige de todos nós uma resposta mais humana e adequada que deve ser global e, dada a complexidade dos problemas a resolver, deve ser dada no curto, médio e longo prazo.

Os bispos suíços, em comunicado no final da sua 309a assembleia plenária, que terminou quinta-feira passada em Givisiez apelaram para que no espírito do Evangelho, se vá em auxílio dos pobres e dos que sofrem. E acrecentam: a solidariedade deve ir além das fronteiras nacionais e europeias. O aumento da indigência exige mais ajuda em todos os níveis. Citando dados da ONU, o episcopado suíço lembra que apenas uma pequena fração dos 60 milhões de pessoas que fogem dos seus países atinge a Europa e que, de quatro milhões que deixaram a Síria, 3,5 milhões estão nos países vizinhos (Líbano, Jordânia, Iraque e Turquia).
ajudar os refugiados é um dever para os cristãos. O fluxo de centenas de milhares de refugiados na Europa causa acontecimentos dramáticos, afirmam estes, recordando as condições indignas de higiene dos campos de refugiados em que vivem milhares de pessoas. Muitas outras morrem tentando chegar ao continente: esta realidade tornou-se diária em muitas partes da Europa, afirmam os prelados.

a Conferência Episcopal Húngara divulgou uma Declaração sobre a situação dos refugiados, aprovada na sua sessão de outono (dias 1 e 2 de setembro) exortando as instituições caritativas católicas, em linha com o que já foi solicitado pelo papa Francisco, a encontrarem as formas mais eficazes para prestar assistência em parceria com as agências governamentais no tocante aos direitos específicos desta situação humanitária. Os bispos afirmam sentir fortemente o peso desta situação histórica “‹”‹e querer conhecer a sorte dos cristãos no Médio Oriente, sublinhando ao mesmo tempo o direito e o dever dos Estados de proteger os seus cidadãos.

É também conhecida a enorme sensibilidade que o Papa Francisco tem com os migrantes. ainda recentemente apelou ao ocidente para não tratar os migrantes como mercadorias. Em junho passado disse: O espetáculo, dos últimos dias, desses seres humanos tratados como mercadorias faz chorar. Francisco condenou, mais uma vez, as manifestações de rejeição destas pessoas, particularmente percetíveis no norte industrializado de Itália, mas também um pouco por toda a Europa. Se a imigração aumenta a concorrência, os migrantes não podem ser tidos como responsáveis, uma vez que são vítimas de injustiça, de uma economia de rejeição e de guerras, disse o Papa.
Francisco afirmou ainda que não se pode deixar as pessoas à mercê do mar e de traficantes sem escrúpulos. O Pontífice fazia referência às viagens da morte, quando grupos de migrantes deixam a África em embarcações superlotadas em busca de uma vida melhor na Europa e que muitas delas acabam em tragédia. É necessária uma cooperação ativa entre os Estados para regular e gerir eficazmente tais fenómenos, afirmou Francisco.
O exemplo que a hierarquia da Igreja dá deve ser antídoto para a ação de cada um de nós. Ninguém deverá eximir-se à solidariedade que devemos aos migrantes, essencialmente aos refugiados por consequência da guerra.