Os recentes acontecimentos, assassínio de jornalistas do«Charlie Hebdo», em Paris, trazem à ribalta a intolerância perante a imprensa e o seu papel na sociedade atual. Liberdade, Igualdade e Fraternidade já não servem aos extremistas pseudo-religioso
Os recentes acontecimentos, assassínio de jornalistas do«Charlie Hebdo», em Paris, trazem à ribalta a intolerância perante a imprensa e o seu papel na sociedade atual. Liberdade, Igualdade e Fraternidade já não servem aos extremistas pseudo-religioso a história revela que durante a Terceira República francesa foi institucionalizado, tornando-se símbolo de estado, o lema que consignava os ideais da Revolução Francesa (1789-1799): liberdade, igualdade, fraternidade. a sua forma original era liberté, égalité, fraternité ou la mort (liberdade, igualdade, fraternidade ou morte). após o período da Revolução marcado por perseguições e execuções, conhecido como o Terror (1793-94), o termo morte começou a ser bastante associado com essa fase obscura, acabando por ser omitido. alguns séculos depois eis que o lema original volta a ser atual pelas armas de seguidores (?) do Islão, uma das células terroristas da al Qaeda, no massacre de Paris.
a alcaida é uma organização fundamentalista islâmica internacional, constituída por células colaborativas e independentes que visam reduzir a influência não-islâmica sobre assuntos islâmicos. Esta organização tornou-se mais conhecida após os ataques de 11 de setembro de 2011 às torres gémeas, em Nova Iorque, mas são atribuídos a esta diversos atentados especialmente em África e Médio Oriente. O seu fundador e líder terá sido Osama Bin Laden, sendo desconhecida a sua estrutura organizacional e dados sobre o seu funcionamento, assim como a sua capacidade bélica, mas a verdade é que tem espalhado o terror em muitas zonas do Globo. após estes atentados em Paris, no coração da democracia, parece que esta organização se prepara para atacar outras cidades e outros países.

Este ataque terrorista feito para vingar o nome de alá (em nosso entender indevidamente), o profeta do Corão, vai muito para além daquilo que poderá ser a interpretação do livro sagrado dos muçulmanos. Devemos recordar que a inspiração filosófica da al-Qaeda vem dos escritos de Sayyid Qutb, um pensador proveniente da Irmandade Muçulmana, cujos textos inspiraram a maioria dos principais movimentos militantes islâmicos hoje ativos no Médio Oriente. O autor defende uma revolução islâmica armada para a sobreposição de todos os regimes não guiados pela lei islâmica, e reitera a expulsão de milícias e empresas ocidentais de todos os países muçulmanos. a ideia desta personalidade consubstancia-se, na prática, na tentativa de imposição de um Estado do Islão, ao abrigo de regulamentos próprios, se necessário por meios violentos, e não conformes à doutrina do Islão.

Os combatentes islamitas radicais (jihadistas) que assassinaram os jornalistas em Paris, cometeram uma ação ignóbil, mas fizeram sobretudo um autêntico ataque à liberdade coletiva e individual. O jornal para o qual estes profissionais trabalhavam fazia crítica satírica a tudo e a todos, através dos seus desenhos (caricaturas), isso é uma forma de expressão que equivale a muitas outras. Interessante a posição de Hassan Nasrallah, chefe do Hezbollah xiita libanês que, sem mencionar o massacre na Charlie Hebdo, considerou na sexta-feira passada que os combatentes jihadistas espalhados pelo mundo fazem mais mal ao Islão do que as publicações que gozam com Maomé.
Qualquer religião tem, por princípio, a procura do bem e nunca o espalhar do ódio e da morte. Há valores comuns para todas as religiões, onde o respeito pela vida humana é inquestionável, assim como há valores na sociedade que é preciso defender. Liberdade, igualde e fraternidade fazem parte dessa lista de valores.