Um missionário colombiano foi ameaçado de deportação quando foi renovar o seu visto. O motivo estava relacionado com a participação em manifestações contra várias iniciativas do governo, a última a construção de uma base naval na ilha de Jeju
Um missionário colombiano foi ameaçado de deportação quando foi renovar o seu visto. O motivo estava relacionado com a participação em manifestações contra várias iniciativas do governo, a última a construção de uma base naval na ilha de JejuO governo sul-coreano já detivera um sacerdote coreano, em agosto do ano passado, e deportou dois ativistas europeus (um francês e um inglês), em março deste ano. O meu recente pedido de renovação do visto acentuou de forma evidente os custos a serem pagos pelo meu envolvimento político, bem como os desafios postos à liberdade de expressão, lamenta em primeira pessoa o visado, padre Patrick Cunningham, missionário irlandês, na Coreia desde 1996. O que deveria ter sido uma mera formalidade tornou-se um caso complicado: sempre que fiz o pedido do visto D-6 (para missionários/religiosos, válido por dois anos), foi-me concedido quase de imediato. Mas, desta vez, as coisas correram mal: Disseram-me que o meu processo estava a ser revisto. Tal não me surpreendeu, dado o meu envolvimento na campanha que se opõe à construção de uma base naval em Jeju. Curiosamente, chamada Ilha da paz, aí a vida de muitas pessoas e o sistema ecológico estão ameaçados. Passados oito dias, o missionário foi contactado pelo diretor do Serviço de Emigração de Seul, para tratar de assuntos do seu interesse. Fui ter com ele, acompanhado por um nosso missionário coreano. após ter sido recebido cordialmente, o diretor apresentou-me um álbum com diversas fotos relativas à minha participação em vários protestos em Seul e Jeju. Não restavam dúvidas: a minha cara aparecia assinalada com círculos vermelhos. Num tom de voz amigável, o diretor sugeriu que a minha contínua participação poderia levar à minha deportação. Fiquei mais indignado quando me recordou, com ar condescendente, o bom trabalho que tenho feito na Coreia e que seria uma pena deitar tudo a perder. De nada valeu ao missionário recordar ao diretor que a sua presença era um gesto para recordar três milhões de pessoas que morreram no conflito brutal entre as duas Coreias, em 1950. Talvez eu seja agora uma das vítimas da vigilância secreta feita pelo governo aos críticos das suas políticas. O diretor exigiu então ao missionário que assinasse um memorando em que se comprometia a não participar em futuras atividades de protesto contra a base de Jeju. Tive de me esforçar para manter a calma, pois sabia que o meu futuro neste país dependia daquela promessa. após ter escrito o memorando, o diretor entregou ao missionário o visto com validade para um ano e não para os dois habituais. Irei centrar a minha atenção em continuar o meu ativismo de forma mais criativa e discreta, pois não deixarei de me envolver neste tema que considero importante, conclui o missionário.