as palavras são de José Policarpo e foram proferidas ontem após a celebração dos 50 anos da sua Missa Nova que teve lugar em alvorninha, Caldas da Rainha. Este responsável da Igreja alertou para o mau posicionamento dos “grupos de classes”
as palavras são de José Policarpo e foram proferidas ontem após a celebração dos 50 anos da sua Missa Nova que teve lugar em alvorninha, Caldas da Rainha. Este responsável da Igreja alertou para o mau posicionamento dos “grupos de classes”Não é fácil fazer uma leitura correcta da actual situação de crise económica que se vive em Portugal e muito menos dar “receitas” para a sua solução, no entanto há pormenores que nos podem ajudar nesse sentido. Na realidade desconhecemos a sua profundidade, o tempo que levará a extinguir-se, assim como será resolvida, dado a dependência também do exterior. Contudo, há coisas que passam essencialmente pelas pessoas e pela forma como encaram e tentam dar passos, ou não, na procura de soluções parciais que podem contribuir para atenuar a degradação económica do país.
a primazia do interesse colectivo sobre o individual, mesmo falando de grupos de classes sociais – referindo-se essencialmente aos sindicatos – que o prelado defende é uma base importantíssima para o interesse de todos os cidadãos, logo, do país. Em condições normais de vivência democrática é perfeitamente aceitável que os grupos de classe reivindiquem para os seus associados melhores condições, mas o mesmo já não pode suceder nesta ocasião em que é necessário dividir os sacrifícios que nos são pedidos. aqui não pode haver classes superiores e inferiores, fracas ou fortes, tem que coexistir o bom senso e proteger aquelas que lutam pelos mínimos da sobrevivência.

O patriarca de Lisboa utilizou uma frase interessante: “Pôr o “nós” Portugal acima do “nós” individual”. Eis uma ideia que deve prevalecer no coração dos portugueses, mesmo daqueles que são dirigentes sindicais de qualquer sector de actividade. Segundo José Policarpo, Portugal tem de “vencer uma etapa com causas mundiais, causas europeias, mas também certamente causas de má governação” e que tem de ser resolvida “em diálogo com os outros países, mas sobretudo dando as mãos e procurando o bem de Portugal”. Este “dar de mãos” que também significa “pedir e anunciar a generosidade e a esperança” poderá ser o caminho que todos, cristãos ou não, devemos trilhar no nosso dia-a-dia.

O momento é de luta, mas por algo que tenha valor para o conjunto dos cidadãos, quando tal não se verificar corremos o risco de não levantar da queda. Os sindicatos, que outrora tiveram um papel de grande importância na sociedade portuguesa, terão que dar agora o exemplo de solidariedade, de adaptação às condições existentes e servirem como âncora de esperança a quantos confiam neles. O posicionamento político dos dirigentes sindicais não pode justificar o culto do pessimismo e a ausência no movimento de construção de uma sociedade que se quer viva e activa, mas também com o sentido do colectivo que, afinal somos todos nós.