No afeganistão, há repatriados que lamentam o regresso. O lamento ecoa pelas terras do Norte devastado pela guerraMuitos refugiados afegãos que regressaram ao país, nos últimos anos, sobretudo a partir do Paquistão, estão a lutar para ganhar a vida e para lidar com o seu novo contexto, segundo o alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (aCNUR).
Historicamente nómadas, que faziam do deserto a sua casa, deslocando-se habitualmente em busca de água, os afegãos de etnia turcomana foram obrigados a fugir de suas casas há cerca de 30 anos por causa da guerra – primeiro com a invasão soviética, depois com os confrontos que estalaram entre os senhores da guerra locais e, por fim, com o regime talibã e a consequente ocupação aliada, que se mantém nos dias de hoje.
Hoje 85 famílias turcomanas, que passaram a última década refugiadas no Paquistão, fizeram de Qalinbafan a sua casa. Esta aldeia localiza-se nas terras atribuídas pelo Governo, no Norte do afeganistão.
Muitos destes núcleos familiares procuram agora subsistir tecendo tapetes, que são depois vendidos a comerciantes no Paquistão. Um tapete que pode levar dois meses de intenso trabalho de um tecelão experiente e no final custará uns dez dólares – apenas sete euros.
Já estávamos no Paquistão há dez anos. Eu vivia confortável ali. Tudo era mais barato e éramos bem pagos pelos tapetes. Não sei para que voltámos, lamenta-se Naseema, 70 anos, avó de quatro, que vive num acampamento do aCNUR em Qalinbafan.
Nas aldeias de refugiados afegãos no Paquistão, o aCNUR disponibiliza fundos para escolas básicas para as crianças, muitas vezes a única oportunidade de meninas aprenderem a ler e escrever. O repatriamento é susceptível de afectar negativamente as oportunidades de educação para as crianças, bem como um rendimento da família. O lamento de Naseema ecoa nas terras devastadas pela guerra.