O presidente Mwai Kibaki e o líder da oposição Raila Odinga andam agora, ao que parece, de braço dado. Mas para o povo a penúria alastra
O presidente Mwai Kibaki e o líder da oposição Raila Odinga andam agora, ao que parece, de braço dado. Mas para o povo a penúria alastraDesde 28 de Fevereiro, em que foi assinado o acordo de coligação governamental no Quénia, os políticos não param de afirmar que agora é tudo um mar de rosas. Conseguiu-se, sem dúvida, uma grande vitória para a democracia e a classe política deu sinais evidentes de maturidade.
agora porém falta o mais difícil: erguer o povo da prostração em que se encontra. Mais de mil mortos e muitas estruturas comerciais arrasadas, tráfego rodoviário impedido durante dois meses e turismo reduzido ao mínimo, são estes e muitos outros os grandes desafios a que se deve prestar atenção.
Os jornais de hoje, 5 de Março, dão grande relevo à caravana de carros de luxo com escolta policial reforçada e fanfarra magna com que Raila Odinga marcou a sua primeira visita de futuro primeiro-ministro ao presidente Mwai Kikaki. Os dois grandes blocos políticos já caíram na ratoeira de dividirem entre si o bolo do bem-estar à custa do contribuinte e do pedinte.
Muito se tem falado do Quénia ter vindo a acumular problemas e injustiças durante os últimos cinquenta anos e ter agora devido pagar um alto preço pelo descuido em os afrontar. Hoje, o perigo é que se voltem a esquecer as injustiças históricas em favor de alianças pontuais e de conveniência.
O passo que se está a dar é digno de todo o louvor. Mas não esqueçamos que é apenas um passo. O incêndio do ódio e do tribalismo foi dominado, mas a mata é densa e se, não for devidamente limpa e zelada, dias virão em que o clarão das chamas voltará a iluminar o horizonte nacional.
ao nível das coisas espirituais diz a Bíblia que este é o tempo favorável, este é o dia da salvação (2 Cor 6:2). Os cidadãos do Quénia esperam e exigem que este seja de facto o tempo favorável e o dia da salvação para a reconstrução nacional.