O padre Manuel antónio Henriques e eu, padre Manuel Carreira, missionário da Consolata, fomos ordenados sacerdotes no mesmo ano, 1954
O padre Manuel antónio Henriques e eu, padre Manuel Carreira, missionário da Consolata, fomos ordenados sacerdotes no mesmo ano, 1954ambos fizemos currículos relativamente paralelos: ele prefeito e professor no seminário menor diocesano em Fátima; eu, exercendo os mesmos cargos no seminário da Consolata. Só que, três anos após a ordenação, ele foi nomeado pároco de Fátima – tinha apenas 26 anos de idade! Fátima era uma freguesia enorme. Impressionou-me a coragem que ele teve em aceitar o cargo. Muitos duvidaram. Mas os factos confirmaram que ele era capaz de conduzir este barco por entre algumas tormentas.
Sempre admirei nele o grande dinamismo que sabia imprimir nos vários movimentos da paróquia, sobretudo nos jovens a quem convocava para actividades desportivas e, por vezes, até os levava de camioneta a Lisboa aos encontros de futebol mais significativos. O padre Henriques cativava pelo sorriso discreto, pela serenidade, pela humildade, pela confiança que depositava nas pessoas. Ninguém tinha coragem para lhe dizer que não. Um desejo seu era uma ordem.
Os últimos três anos da sua doença confirmaram a sua resignação à vontade de Deus, não perdendo sequer o seu ar sorridente. Enfim, tal vida, tal morte. Viver a sorrir, morrer a sorrir.