Impossibilitados de voltar a suas casas e de retomar os seus lugares de trabalho, os quenianos estão a tentar uma perigosa resposta. Pagar com a mesma moeda
Impossibilitados de voltar a suas casas e de retomar os seus lugares de trabalho, os quenianos estão a tentar uma perigosa resposta. Pagar com a mesma moedaNo início de Janeiro, centenas de milhar de habitantes das zonas do vale do Rift e a Oeste deste foram expulsos das suas terras. Passaram a viver em campos de acolhimento, como, por exemplo, nos terrenos da Feira da agricultura em Nairobi. a pouco e pouco foram encontrando hospitalidade entre familiares e amigos ou através da ajuda de organizações internacionais.
Ontem, 13 de Fevereiro, o teor da notícia inverteu-se. Centenas de pessoas a viver nos terrenos da Feira Internacional de Nairobi, depois de expulsas das suas casas no centro do país, eram obrigadas a emigrar para o Vale do Rift e para Oeste deste. Devagarinho os que foram expulsos na primeira onda de violência quente e destruidora estão a exercer a sua vingança a frio. Expulsam das suas terras ancestrais todo aquele que não é da sua etnia.
a mais clara excepção são as grandes cidades onde a mistura étnica é tal que não é possível separar as tribos sem destruir a cidade mesma. Está-se a consumar uma contra-limpeza étnica que já nem sequer é notícia digna de primeira página.
Há dias num hospital de missão, bem perto de Nairobi, as irmãs receberam o aviso de que deviam licenciar todos os doutores e enfermeiros que não fossem da tribo, sob pena de o hospital dever fechar as portas para não ser atacado e destruído.
Professores, doutores, funcionários do estado, encontram-se na situação de não serem bem vindos no lugar onde foram colocados. O país está em parte paralisado. O governo, e até mesmo a oposição lá vão dizendo que cada um volte ao seu trabalho. Mas quem é que garante a integridade física das pessoas e a salvaguarda dos bens? Estamos ainda longe da tão desejada paz.