O líder da comunidade muçulmana de Lisboa criticou a confusão crescente do Islão com o terrorismo, desde os atentados de 11 de Setembro de 2001
O líder da comunidade muçulmana de Lisboa criticou a confusão crescente do Islão com o terrorismo, desde os atentados de 11 de Setembro de 2001 É uma situação insustentável porque, desde então, os muçulmanos entram em paranóia cada vez que rebenta uma bomba no mundo, porque todos pensam que foram eles, mesmo que isso não seja verdade , afirmou David Munir, citado pela Lusa.
Durante um debate no Instituto Superior da Maia sob o tema as religiões e a construção do futuro , o sheikh quis desfazer equívocos muito comuns que, no seu entender, distorcem a imagem do Islão. Por exemplo: antigamente, se uma mulher muçulmana tapava o cabelo, era olhada com curiosidade, hoje em dia isso é encarado quase como uma provocação. Já as freiras católicas podem tapar o cabelo à vontade, sem despertar qualquer reacção .
O caso dos dotes e dos casamentos arranjados não são Islão, são tradição, se existem é porque fazem parte das culturas locais , afirmou, acrescentando que o Corão garante às mulheres a possibilidade de escolherem os seus maridos e vice-versa.
No encontro em que participaram o bispo do Porto, Manuel Clemente, e Nuno Whanon Martins, especialista da religião judaica, David Munir admitiu, porém, que o Islão não separa o poder político do religioso. No Islão há só um poder e uma lei, a Sharia (conjunto de leis religiosas islâmicas), mas não conheço nenhum país islâmico no mundo que a aplique a cem por cento , defendeu.
Quanto à posição das mulheres na sociedade islâmica, o sheikh frisou que há muitas proibições em países islâmicos que nada têm a ver com a Sharia, mas sim com costumes locais. É o caso da proibição de conduzir na arábia Saudita, que não existe em mais nenhum país islâmico o acesso a lugares de direcção política, que também não é vedado às mulheres, como se viu no Paquistão, com a senhora Benazir Bhutto, que foi primeira-ministra por duas vezes, num país islâmico .