No campo de concentração de auschwitz, em 1941, dez prisioneiros são apontados para morrer de fome por causa da fuga de um colega de prisão
No campo de concentração de auschwitz, em 1941, dez prisioneiros são apontados para morrer de fome por causa da fuga de um colega de prisãoUm deles, Franz Gajownicyek, está desesperado: Nunca mais vou tornar a ver a minha mulher e os meus filhinhos! . Movido pelo amor – esse amor que vence a morte – Maximiliano Maria Kolbe dirige-se ao Oficial com a decisão de substituir o pai de família e ajudar a morrer os outros nove. a sua oferta foi aceite. Identificou-se: Sou um padre católico . Um santo é sempre um dom de Deus para a Igreja e para a humanidade.
Uma obra mariana: Maximiliano Kolbe fala ainda hoje pelo modo como viveu e morreu. Nasceu em 1894, na Polónia, de família pobre, mas profundamente religiosa. Tornou-se franciscano conventual em 1914. Nos estudos, distinguiu-se de forma genial nas ciências e na matemática. Foi enviado para Roma a fim de estudar filosofia e teologia, em plena primeira guerra mundial. É aí que em 1917 assiste a uma manifestação provocatória da maçonaria romana, profundamente anticlerical. a sua reacção não se faz esperar. Funda aí mesmo um movimento, a Milícia da Imaculada, transformado posteriormente numa obra mariana, com a fundação da Niepokalanow (Cidade da Imaculada), em 1927: um centro de difusão da devoção mariana, perto de Varsóvia. Ordenado sacerdote em 1918, voltou para sua pátria, e foi colocado no Seminário Franciscano, em Cracóvia, como professor.
Em 1930, é transferido para o Japão, a fim de fundar a mesma obra e difundir a devoção a Maria num país onde o catolicismo era quase completamente desconhecido. Foram anos difíceis, mas o padre Kolbe conseguiu construir, em Nagasaki, mais uma Cidade da Imaculada, com a difusão de mais de cem mil cópias do seu boletim.
Em 1936, os superiores exigiram a sua presença na Polónia para que tomasse a direcção do grande convento franciscano de Niepakalanow, que chegou a abrigar 600 religiosos e um vasto parque gráfico. Deixar as suas iniciativas apostólicas no Japão foi duro. Sonhava passar mais tarde para a Índia e depois para os países árabes onde pudesse fundar revistas e jornais que propagassem a devoção à Imaculada, como instrumento de penetração do Reino de Deus. a obediência falou mais alto.
Foi percursor das comunicações. Para ver o seu sonho concretizado, valeu-se não só da imprensa, mas também da Rádio. Tornou-se radioamador, recebendo o indicativo de chamada SP3RN. Nos anos 1936-1940, início da Segunda Guerra Mundial, Maximiliano Maria Kolbe redobrou o seu zelo no apostolado da imprensa, enquanto cuidava da direcção do convento e da formação de 200 jovens.
Em auschwitz: Em Setembro de 1939, as tropas nazistas invadiram a Polónia, destruindo toda e qualquer resistência. Frei Maximiliano foi preso por duas vezes. a prisão definitiva deu-se no dia 17 de Fevereiro de 1941. Quando o chefe militar viu Frei Maximiliano vestido de hábito religioso, ficou furioso. agarrou o crucifixo do frade e, puxando-o, gritou: E tu acreditas nisso? Sim, acredito! Por três vezes repetiu a pergunta e por três vezes Maximiliano confessou a sua fé. Foi esbofeteado e maltratado.
São conhecidos todos os horrores do nazismo. Os judeus foram apanhados e enviados para os campos de concentração a fim de serem eliminados. Numerosos intelectuais e lideres, que podiam criar resistência ao nazismo, foram perseguidos e deportados. O padreKolbe, com mais cinco colegas franciscanos, foi preso pela polícia política do nazismo, a Gestapo, e enviado para os trabalhos forçados em auschwitz.
Mártir da caridade: No dia 14 de agosto de 1941, Maximiliano ofereceu-se para salvar a vida de um companheiro do campo de concentração. Trancado com outros dez numa cela para morrer de fome, após dez dias passados em oração, foi encontrado com vida pelos carcereiros que o mataram com uma injecção de ácido fénico. O seu corpo foi cremado e suas cinzas espalhadas pelo campo, misturando-se às cinzas de quase três milhões de outras vítimas do ódio nazista contra a humanidade. Foi o mártir do amor, no oceano do ódio que invadiu a sociedade europeia. Num texto anterior à sua morte, o padre Kolbe tinha escrito, quase em profecia: Desejo ser pó para a glória de Deus e da Imaculada. Possa o vento levar este pó pelo mundo fora, para que nada permaneça de mim. assim será completo o sacrifício por Maria Imaculada . Tinha escrito ainda: Somente com o sofrimento se aprende verdadeiramente o amor.com o sofrimento e a perseguição, não somente seremos santos, mas também levaremos para Deus os nossos perseguidores .
O comandante de auschwitz, coronel Rudolf Hoess, preso e condenado à morte pelo tribunal de Nuremberga, converteu-se alguns dias antes da sua morte, e deixou escrito para os seus familiares: Foi uma luta terrível, mas reencontrei a fé no meu Deus .
Disse João Paulo II: Como homem que conheceu profundamente os anseios e as aspirações dos seus contemporâneos, Maximiliano Maria Kolbe soube distinguir em cada cultura a presença vivificante de sementes do Verbo e, através de um diálogo confiante e amoroso com aquela que gerou no tempo o Filho de Deus, esforçou-se por valorizá-la para uma obra corajosa de evangelização. a Imaculada foi para ele, além de doce Mãe , exemplo e critério de fidelidade absoluta ao plano salvífico de Deus.
Franz Gajownicyek, o condenado à morte que o padreKolbe substituiu, sobreviveu. No dia 10 de Outubro de 1982 assistiu na praça de S. Pedro à solene canonização de Frei Maximiliano Maria Kolbe, pelo Papa João Paulo II, dando testemunho mais uma vez do heroísmo do seu salvador.
Luciano Marini assim comentava no L’Osservatore Romano do dia 10 de Outubro de 1982: Toda a vida de Maximiliano está marcada pelo encanto de duas coroas: a coroa branca da inocência e a coroa vermelha do martírio. O branco e o vermelho, cores da bandeira polaca, símbolos da Imaculada e do Espírito Santo, da pureza e do amor, são as cores desta vida exemplar, a bandeira de uma humanidade mais autêntica e mais fraterna.
a memória deste santo radioamador foi incluída no calendário litúrgico e é celebrada no dia 14 de agosto.