Face às novas realidades migratórias, é necessário mobilizar um debate social sobre “a exploração e discriminação de género”
Face às novas realidades migratórias, é necessário mobilizar um debate social sobre “a exploração e discriminação de género”Num momento que foi publicada uma nova lei da imigração, os Secretariados das Migrações e da Mobilidade Humana, ligados à Igreja, querem estar atentos, vigiar e acompanhar a sua aplicação, em particular em relação às mulheres. a medida consta de um documento aprovado numa reunião sobre Mulheres em Mobilidade: Fronteiras de dignidade, que reuniu 40 delegados de 15 dioceses, em Vila Nova de Milfontes, de 9 a 12 de Julho, agora divulgado.
Nas conclusões do encontro, constata-se que se assiste a um aumento generalizado da feminização dos fluxos migratórios tendo atingido no ano 2005 o volume de 95 milhões de mulheres sobre um total de 191 milhões de migrantes no mundo. Esta feminização levanta novos problemas, referem os participantes no encontro, com a mulher migrante [a ser] vítima de uma dupla discriminação pelo facto de ser mulher, ser estrangeira e, muitas vezes, assumindo a discriminação uma terceira forma quando se encontra em situação irregular ou apresenta diferenças de carácter religioso ou racial.
De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho, citados pelo texto, das 800 mil pessoas traficadas por ano, 80 por cento são mulheres (muitas menores) para exploração sexual e gera receitas anuais na ordem dos 24,7 mil milhões de euros. Por tudo isto, estes representantes católicos defendem, para além do acompanhamento da nova legislação, a necessidade de mobilizar para um debate social alargado sobre os temas da exploração e discriminação de género, melhorar a resposta da Igreja continuando o acolhimento e dignificação da mulher.
Neste encontro em que se reflectiu sobre a acção concertada da Igreja no campo das migrações, participou D. antónio Vitalino Dantas, bispo de Beja e presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana.